Maio 07, 2025
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Sistemática da MP 777, que tramita no Congresso, vai encarecer o financiamento de longo prazo do banco de fomento, afetar investimentos, emprego e agricultura familiar

A Medida Provisória 777, de 26 de abril de 2017, estabelece o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) – que baliza os financiamentos concedidos pelo BNDES desde 1994 – e cria a Taxa de Longo Prazo (TLP). A nova TLP será calculada de acordo com metodologia definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a partir da inflação medida pelo IPCA e será atrelada a títulos do Tesouro NTN-B.

A ideia é aproximar a TLP da taxa Selic, e portanto dos parâmetros do mercado. Ela deve passar a vigorar a partir de 2018 e vai encarecer o financiamento de longo prazo para indústrias, máquinas, equipamentos e infraestrutura, e também para cooperativas e quem quer que utilize créditos do BNDES.

O parecer do relator da MP 777, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), deve ser votado até 15 de agosto na comissão mista. O governo defende a TLP sob o argumento de que ela é importante para o “equilíbrio fiscal”.

Como a TJLP é de 7% ao ano e a Selic é sempre maior (está hoje em 9,25%), a tradução é que o crédito do BNDES é subsidiado, o que está em desacordo com o ideário de um governo que aplica os princípios do “Estado mínimo”.

A posição da Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (AFBNDES), que faz campanha contra a medida, é a de que a MP coloca em risco o investimento de longo prazo no Brasil para o setor produtivo e também ameaça o BNDES enquanto banco de desenvolvimento. A medida também impõe barreiras à geração de empregos e à retomada do crescimento econômico.

Segundo a AFBNDES, a MP 777 “provoca danos ao eliminar instrumentos de competitividade da indústria, conceder ao ‘mercado’ poder absoluto sobre o controle do crédito de longo prazo no Brasil e provocar a perda de autonomia do país sobre decisões relacionadas a investimentos estratégicos”.

Leia matéria completa no site da Rede Brasil Atual.

Sistemática da MP 777, que tramita em comissão mista no Congresso, vai encarecer o financiamento de longo prazo do banco de fomento, afetar investimentos, emprego e agricultura familiar

por Eduardo Maretti, da RBA
 

A Medida Provisória 777, de 27 de abril, estabelece o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) – que baliza os financiamentos concedidos pelo BNDES desde 1994 – e cria a Taxa de Longo Prazo (TLP). A nova TLP será calculada de acordo com metodologia definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a partir da inflação medida pelo IPCA e será atrelada a títulos do Tesouro NTN-B.

A ideia é aproximar a TLP da taxa Selic, e portanto dos parâmetros do mercado. Ela deve passar a vigorar a partir de 2018 e vai encarecer o financiamento de longo prazo para indústrias, máquinas, equipamentos e infraestrutura, e também para cooperativas e quem quer que utilize créditos do BNDES.

O deputado Afonso Florence (PT-BA), membro da comissão mista do Congresso que discute a MP 777, diz que a nova metodologia impacta no consumidor comum de forma indireta. "Com a TJLP e os critérios em vigor, o governo incentivava o desenvolvimento. Por exemplo, o empréstimo agrícola subsidiado, que tem a TJLP baixa. Alterando os critérios da TJLP e criando a TLP, vai aproximá-la da Selic. Como a política é manter uma Selic alta, o empréstimo fica mais caro para as cooperativas de agricultura familiar, por exemplo", diz.

Para ele, a MP 777 "é nefasta" para a economia brasileira. Mantendo o mesmo exemplo da agricultura familiar, na produção de leite, queijo, cortes selecionados de bovino, caprino ou suíno, com alteração das regras e a aproximação da taxa dos juros de mercado, esses produtos chegarão ao supermercado mais caros. "Para os brasileiros, reduz o investimento de longo prazo, a viabilidade de investimentos estratégicos, e encarece os produtos, bens e serviços dos segmentos que captam esses recursos."

Tudo pelo ajuste

Na quinta-feira (27), o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), informou que o parecer do relator da MP 777, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), deve ser votado até 15 de agosto na comissão mista. O governo defende a TLP sob o argumento de que ela é importante para o "equilíbrio fiscal".

Como a TJLP é de 7% ao ano e a Selic é sempre maior (está hoje em 9,25%), a tradução é que o crédito do BNDES é subsidiado, o que está em desacordo com o ideário de um governo que aplica os princípios do "Estado mínimo".

Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), também integrante da comissão mista, a MP "destrói a possibilidade de uma intercessão mais efetiva do Estado no processo de desenvolvimento nacional". "Eles têm que apontar qual o país no mundo que se desenvolveu sem uma base de apoio efetivo do Estado. De que subsídio estamos falando? Não estamos falando de um Japão ou Alemanha, mas do país que tem a maior taxa de juros do planeta", afirma a senadora. "Vamos fazer de tudo para derrotar essa MP."

"Os subsídios oneram os cofres públicos, é verdade. Só que ele está tirando daquilo que ajuda a distribuir renda e gerar emprego. Eles alegam que não pode ter subsídio, mas mantêm subsídios para os grandes conglomerados e corporações do capitalismo brasileiro, como por exemplo a MP do Refis", diz Florence, sobre a MP 783, que estabelece facilidades de financiamento de dívidas tributárias. Uma das facilidades é o desconto nos juros e multa em até 99% a quem aderir ao programa.

A posição da Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (AFBNDES), que faz campanha contra a medida, é a de que a MP coloca em risco o investimento de longo prazo no Brasil para o setor produtivo e também ameaça o BNDES enquanto banco de desenvolvimento. A medida também impõem barreiras à geração de empregos e à retomada do crescimento econômico.

"Ela não contribui para a retomada dos investimentos. Ao contrário, cria mais barreiras: num momento em que a economia se encontra em sua pior crise da história, em vez de se buscar o fortalecimento do BNDES e a retomada do crescimento econômico, a MP proposta inviabiliza o funcionamento do banco, dificultando ainda mais a superação da crise", diz a entidade.

Segundo a AFBNDES, a MP 777 "provoca danos ao eliminar instrumentos de competitividade da indústria, conceder ao 'mercado' poder absoluto sobre o controle do crédito de longo prazo no Brasil e provocar a perda de autonomia do país sobre decisões relacionadas a investimentos estratégicos".

O governo não estava "afinado" em relação aos novos critérios. Tanto que, no início do mês, o próprio presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, criticou a nova TLP, dizendo, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que poderia comprometer as empresas que precisam do crédito, dada a sua volatilidade. "Primeiro ele resistiu muito, mas depois teria sido enquadrado", diz Vanessa Grazziotin.

Diante do quadro de desconforto, o governo resolveu "alinhar" o discurso. Há duas semanas, foi emitida uma nota conjunta assinada pelos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), além dos presidentes do Banco Central (Ilan Goldfajn) e do próprio BNDES, Rabello de Castro. Na nota, os signatários assumem a defesa dos novos critérios.

O banco Itaú obteve um lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários) de R$ 12,345 bilhões no primeiro semestre de 2017. Um crescimento de 15% em relação ao mesmo período de 2016. A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado – ROE) ficou em 21,8%, uma alta de 1,7 pontos percentuais em doze meses.

“O Itaú, assim como o Santander e o Bradesco, os três maiores bancos privados do país, continuam lucrando muito. Mas, parecem não ter nenhum compromisso com a retomada do crescimento econômico. Continuam praticando juros altíssimos e reduzindo o quadro de funcionários. Ou seja, dificultam o crédito e reduzem a massa salarial. O dinheiro não circula na sociedade, a economia não gira. Pensam apenas no próprio crescimento”, lamenta Roberto von der Osten, presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

A holding encerrou o primeiro trimestre de 2017 com 81.252 empregados no país, uma redução de 961 postos de trabalho em relação a junho de 2016. Foram abertas 39 agências digitais (que já somam 154 unidades) e fechadas 184 agências físicas no país em doze meses. O total de agências e pontos de atendimento do banco no Brasil e exterior, em março de 2017, foi de 4.955.

Demissões injustificáveis
Para o movimento sindical, a continuidade de corte de postos de trabalho pelo banco é injustificável. “Não conseguimos entender a continuidade de cortes de postos de trabalho pelo Itaú. O número de operações aumenta, a carteira de crédito e a receita com prestação de serviços e com também. Somente com o que arrecada com tarifas bancárias o banco consegue cobrir toda a despesa que tem com pessoal e ainda sobra 60,4% do valor arrecado somente com este tipo de operação, sem contar os altos lucros que o banco tem com as demais transações, ainda mais rentáveis. A única explicação é a de que o banco pensa apenas no seu crescimento, no seu lucro”, disse Jair Alves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú.

A receita do banco com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias apresentou crescimento de 7,3% no período, totalizando R$ 17,3 bilhões. As despesas de pessoal subiram 9,2%, atingindo R$ 10,8 bilhões. Em junho de 2017, a cobertura da despesa de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 160,4%.

O total da Carteira de Crédito do banco decresceu 4,2% em relação a junho de 2016, atingindo R$ 587,3 bilhões (no trimestre houve retração de 1,0%). As operações com pessoas físicas recuaram 1,8% em doze meses, chegando a R$ 179,4 bilhões (-0,6% no trimestre). Já as operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 235,2 bilhões, com redução de 6,3% em doze meses e 0,6% no trimestre. Na América Latina, a queda foi de 1,1% em doze meses, mas, apresentou alta de 3,3% no trimestre, chegando a R$ 137,7 bilhões.

A Frente Brasil Popular, articulação que reúne os principais movimentos sociais do país, realizará atos nas capitais nesta quarta-feira (2), dia da votação da denúncia contra Michel Temer na Câmara dos Deputados.

A denúncia contra Temer foi feita após o presidente ilegítimo ser gravado pelo dono da JBS. Joesley se encontrou com Temer para negociar casos de corrupção, em pleno Palácio do Jaburu. O assessor dele, deputado Rocha Loures, foi gravado carregando uma mala com 500 mil dólares que, segundo o dono do frigorífico, era destinado a Temer.

Em pesquisa divulgada hoje pelo Ibope/CNI, somente 5% da população brasileira aprovam a gestão de Temer. A má avaliação é a pior desde a redemocratização e a pesquisa foi feita antes do anúncio do aumento dos combustíveis.

Cada estado definirá o formato do ato ou atividade, mas a secretaria da Frente divulgou uma circular para que as organizações se empenhem para colocar telões para acompanhamento da votação. Além disso, a Frente orientou que as entidades façam pressão até o último momento para mudar o posicionamento dos deputados favoráveis ao presidente ilegítimo.

No Rio de Janeiro, será feita uma vigília no centro da cidade. Em Brasília, a manifestação será em frente ao Congresso Nacional. A concentração está sendo marcada para às 17 horas.

Agosto de lutas pela revogação da Reforma Trabalhista e contra o fim da aposentadoria
Durante a reunião do coletivo nacional, os movimentos ressaltaram os impactos da reforma trabalhista para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras e encaminharam a realização de uma campanha para revogar a lei recém aprovada que desmonta a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Outro ponto de pauta foi a retomada da campanha em defesa da aposentadoria. Para as lideranças que compõem a Frente, é fundamental que as atividades para conscientizar a sociedade sobre o impacto da reforma da previdência sejam retomadas.

Com essa finalidade será realizada uma jornada de lutas no mês de Agosto. As manifestações e atos serão construídas em diálogo com a Jornada das Juventudes Brasileiras, convocada por jovens de diferentes organizações e a União Nacional dos Estudantes e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.

Fonte: Frente Brasil Popular

A Contraf-CUT vai cobrar da Caixa um posicionamento contrário ao desmonte do banco desde o golpe que colocou Michel Temer na Presidência da República. Diante desse quadro, a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/ Caixa) reivindicou, durante todo o mês de julho, uma reunião da mesa permanente com o banco, para debater temas que são urgentes para os trabalhadores. O encontro foi marcado para 15 de agosto. Com isso, a CEE/Caixa se reuniu, na última quinta-feira (27), na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, para se preparar para a reunião com a direção do banco.

“Essa reunião foi agendada somente para o dia 15 e vamos insistir que a direção da Caixa reverta a retaliação contra os trabalhadores que exerceram seu legítimo direito de greve nos dias 28 de abril e 30 de junho, além da paralisação de 15 de março. Além de cobrar a propagada disposição de negociação do banco, queremos saber do compromisso assumido pelo presidente da instituição, Gilberto Occhi, com os trabalhadores, ao afirmar que iria reverter essa retaliação absurda”, afirmou Dionísio Reis, coordenador da Comissão. “Os bancários estão mobilizados diante desse caos instalado por Temer, em defesa dos seus empregos, direitos e do banco público. Não aceitamos ser penalizados por nos mobilizar.”

Também será debatido o fim imediato da reestruturação, respeito às pessoas e às carreiras. “Vamos cobrar o compromisso que o banco tem consignado de negociar qualquer tipo de remodelagem ou mudança na estrutura em mesa de negociação”, explicou o coordenador da CCE/ Caixa.

Na reunião, os integrantes da CEE vão reafirmar à direção da Caixa, sua contrariedade à verticalização e cobrar soluções para as questões de mudança de função (ajuda de custo aos gerentes ou supervisores de canais), piloto dos tesoureiros, prazos das perdas de função das unidades, número de clientes por gestor etc.

Além disso, vão se manifestar contra o fechamento de agências; contra o GDP por meio do qual a Caixa passou a aplicar metas individuais contratadas para todos comissionados; contra a terceirização do atendimento do Saúde Caixa e cobrar a instalação do Fórum Nacional de Condições de Trabalho com disseminação dos fóruns regionais.

“Diante do plano de demissões (PDVE), queremos a reposição imediata dos trabalhadores que saíram, na luta por mais empregados para Caixa e mais Caixa para o Brasil!”, reforçou o coordenador da CEE.

Fonte: Contraf-CUT

O Banco Santander obteve, no Brasil, o maior lucro líquido gerencial de sua história no 1º semestre de 2017. De janeiro a junho deste ano, o banco faturou R$ 4,615 bilhões, um crescimento de 33,2%, em relação ao mesmo período de 2016 e de 2,4% em relação ao 1º trimestre de 2017. O lucro obtido no Brasil representa 26% do lucro global da Instituição, € 3,616 bilhões. Em seguida vem o Reino Unido, com 17%, e a Espanha, com 15%.


Demissões no Brasil

Apesar de tonta grana acumulada, a empresa continua reduzindo postos de trabalho no país. Encerrou o 1º semestre de 2017 com 46.596 empregados, com queda expressiva de 2.281 postos Foram fechadas 11 agências e três postos de atendimento bancários (PABs) no período.

O Banco Santander no Brasil obteve o maior lucro líquido gerencial de sua história no 1º semestre de 2017. Nos seis primeiros meses do ano o lucro do banco foi de R$ 4,615 bilhões, um crescimento de 33,2%, em relação ao mesmo período de 2016 e de 2,4% em relação ao 1º trimestre de 2017. A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado – ROE) ficou em 15,9%, com aumento de 3,1 pontos percentuais em doze meses. O Brasil continua sendo o país mais lucrativo entre todos nos quais o banco atua. O lucro obtido no Brasil representa 26% do lucro global da Instituição, € 3,616 bilhões. Em seguida vem o Reino Unido, com 17%, e a Espanha, com 15%.

Mas, o excelente desempenho do banco no Brasil não foi suficiente para impedir a redução de postos de trabalho no país. A holding encerrou o 1º semestre de 2017 com 46.596 empregados, com queda expressiva de 2.281 postos de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado, sendo 301 a menos no trimestre. Foram fechadas 11 agências e três postos de atendimento bancários (PABs) no período.

Sobrecarga

Mesmo com redução de agências, PABs e postos de trabalho, a carteira de clientes segue crescendo: 2,154 milhões a mais de clientes em um ano, totalizando 36,537 milhões em junho de 2017. O número de clientes digitais alcançou 7,4 milhões crescimento de 35% em doze meses.


O Bradesco obteve lucro líquido ajustado de R$ 9,352 bilhões no primeiro semestre de 2017. O resultado é 13% maior do que o obtido no mesmo período do ano passado, quando o banco lucrou R$ 8,274 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) ficou em 18,2%, com aumento de 0,8 p.p. em doze meses.

Ganhando com crise

Em relatório, o banco afirma que o aumento das receitas com prestação de serviços e tarifas cobradas dos clientes foi um fator preponderante para o aumento das receitas. O aumento foi 16,9% em doze meses, totalizando R$11,7 bilhões.

Segundo análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a holding encerrou o 1º semestre de 2017 com 105.143 empregados, com alta de 15.719 postos de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado, por causa da incorporação dos funcionários do antigo HSBC. Porém, após essa aquisição, em setembro de 2016, o quadro de pessoal já sofreu uma redução de 4.779 postos.

Com a adesão ao Plano de Desligamento Voluntário Especial (PDVE) que o banco abriu agora em julho e que deve ser encerrado em 31 de agosto, o quadro de pessoas deverá sofrer outro impacto.

Com reajuste definido por campanha de dois anos fechada em 2016, trabalhadores farão mobilização nacional contra terceirização, contratos precários de trabalho e retirada de direitos

por Redação RBA

 

Reunidos durante três dias na 19ª Conferência Nacional, os cerca de 700 delegados que representaram bancários de todo o país definiram hoje (30) um plano de lutas em defesa dos empregos, dos bancos públicos e de resistência à retirada de direitos imposta pelas contrarreformas trabalhistas e da Previdência em curso no governo de Michel Temer (PMDB). No início de agosto, representantes da categoria entregarão à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) um documento político reivindicando termo de compromisso contra a retirada de direitos. Em 2016, após 31 dias de greve, a campanha nacional unificada garantiu aos bancários um acordo com validade de dois anos para todos os trabalhadores de bancos públicos e privados do país.

"Como fechamos um acordo de dois anos, nossa estratégia este ano é unir forças com outras categorias contra o desmonte trabalhista. Consolidado o golpe no ano passado, os trabalhadores estão mobilizados contra o retrocesso imposto pela reforma trabalhista. Estamos unidos também em defesa dos bancos públicos, contra a terceirização e precarização do trabalho, conforme aprovado em nosso plano de lutas ", disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.

O plano de lutas inclui aprofundar o debate sobre os impactos da reforma trabalhista, a resistência e a defesa do emprego e combate à terceirização sem limites e precarização do trabalho, além da luta pelo restabelecimento do Estado democrático de direito, o fortalecimento dos bancos e empresas públicas, e da democracia.

O presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, Roberto von der Osten, destacou rechaçar quaisquer alterações nos contratos de trabalho. "Queremos respeito a todas as cláusulas da nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Não aceitaremos, por exemplo, a prevalência do negociado sobre o legislado, que tem o objetivo de retirar direitos. E queremos garantias de respeito aos empregos e direitos da categoria", afirmou.

Lucro dos bancos

Nos três primeiros meses do ano, o lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander) atingiu a marca de R$ 17,3 bilhões. Um crescimento de 30% em relação a igual período do ano passado.

No primeiro semestre, os bancos fecharam quase 11 mil postos de trabalho. O setor financeiro passa por forte reestruturação tecnológica com impacto profundo no emprego bancário. A digitalização das transações bancárias e de diversas etapas do trabalho avança a cada ano. Atualmente, 57% das transações financeiras são realizadas na internet ou no celular.

"O avanço tecnológico é positivo, mas os ganhos precisam ser compartilhados com toda a sociedade. A tecnologia precisa de fato melhorar a vida das pessoas. Todos precisam ganhar com esse processo e não apenas os banqueiros, como vem acontecendo, já que estão demitindo bancários e elevando as tarifas dos clientes. Da forma como a tecnologia vem sendo implementada nos bancos ela acabará gerando maior desigualdade social", disse Ivone Silva.

Os bancários são uma das poucas categorias no país com convenção coletiva de trabalho (CCT) válida nacionalmente. São cerca de 504 mil trabalhadores, dos quais 142 mil na base do sindicato de São Paulo.

O banco Santander no Brasil obteve o maior lucro líquido gerencial de sua história no 1º semestre de 2017. Nos seis primeiros meses do ano o lucro do banco foi de R$ 4,615 bilhões, um crescimento de 33,2%, em relação ao mesmo período de 2016 e de 2,4% em relação ao 1º trimestre de 2017. A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado – ROE) ficou em 15,9%, com aumento de 3,1 pontos percentuais em doze meses. O Brasil continua sendo o país mais lucrativo entre todos nos quais o banco atua. O lucro obtido no Brasil representa 26% do lucro global da Instituição, € 3,616 bilhões. Em seguida vem o Reino Unido, com 17%, e a Espanha, com 15%.

Mas, o excelente desempenho do banco no Brasil não foi suficiente para impedir a redução de postos de trabalho no país. A holding encerrou o 1º semestre de 2017 com 46.596 empregados, com queda expressiva de 2.281 postos de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado, sendo 301 a menos no trimestre. Foram fechadas 11 agências e três postos de atendimento bancários (PABs) no período.

"Os ganhos expressivos obtidos no Brasil não se traduziram em nenhuma contrapartida social, já que o banco segue fechando agências e demitindo milhares de pais e mães de família, trabalhadores que geraram esse lucro astronômico por meio do seu esforço e dedicação", criticou Maria Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.

Sobrecarga
Mesmo com redução de agências, PABs e postos de trabalho, a carteira de clientes segue crescendo: 2,154 milhões a mais de clientes em um ano, totalizando 36,537 milhões em junho de 2017. O número de clientes digitais alcançou 7,4 milhões crescimento de 35% em doze meses.

A Carteira de Crédito Ampliada do banco cresceu 5,4% em doze meses e atingiu R$ 324,9 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 12,2% em relação a junho de 2016, chegando a R$ 97,4 bilhões, impulsionadas por cartão de crédito, crédito consignado e crédito rural. Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 122,3 bilhões, com queda de 2,5% em doze meses. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 0,3%, enquanto o segmento de grandes empresas diminuiu em 3,5% no período. Assim como a carteira PF, a carteira de "financiamento ao consumo", gerada fora da rede de agências, também apresentou expansão (15,7%) em doze meses, totalizando R$ 37,0 bilhões.

"Isso quer dizer que os trabalhadores banco precisam se desdobrar para atender um número cada vez maior de clientes, gerando sobrecarga de trabalho", explicou a dirigente sindical.

A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceu 17% em doze meses, totalizando R$ 7,5 bilhões. Já as despesas de pessoal, inclusive PLR subiram 4,5%, atingindo R$ 4,4 bilhões. O que mostra que o banco consegue cobrir todas as despesas com seu quadro de funcionários somente com as receitas das tarifas cobradas dos clientes e ainda sobra 70,3% do valor. Sem contar os lucros obtidos com as demais transações realizadas pelo banco.

"Esse dado comprova que o Santander não só pode, como deve contratar mais funcionários a fim de prestar melhor atendimento aos clientes que pagam tarifas altas e também para contribuir socialmente com o país que dá tanto lucro para esse banco espanhol", enfatiza.

Veja análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)sobre o balanço do Santander do primeiro semestre de 2017.

Fonte: Contraf-CUT