Passados quatro meses da promessa do presidente da Caixa, Pedro Guimaraes de contratar mais 4 mil empregados, o ritmo das contratações segue lento, enquanto nas agências os trabalhadores enfrentam sobrecarga de trabalho e adoecimento. Números levantados pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) indicam que a direção da empresa não admitiu nem metade do que foi anunciado.
Em agosto, a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) autorizou o banco público a contratar mais 3 mil funcionários, ampliando seu quadro de pessoal para 87.544. Conforme dados de outubro, a Caixa contava com 85.772 mil funcionários. Isso representa 1.772 a menos do total autorizado.
Pedro Guimarães alardeou na imprensa, em julho, que o banco abriria 10 mil novas vagas de trabalho, entre concursados, recepcionistas, vigilantes, estagiários e adolescentes aprendizes. Desse total, 3 mil seriam destinados aos aprovados no concurso público de 2014 e outros mil para Pessoas com Deficiência (PCDs). Ainda em 2019, em entrevista ao Correio da Paraíba, Guimarães afirmou que contrataria todos os concursados. Até o momento, nenhuma as promessas foi cumpridas.
No dia 31 de outubro, a Caixa realizou concurso público para preenchimento de 1.100 vagas para PCDs, sendo mil imediatas e 100 para o cadastro de reserva. O resultado está previsto para sair em dezembro.
“O quadro de pessoal da Caixa vem sofrendo uma grande redução ao longo dos anos, com um déficit de, aproximadamente, 20 mil bancários, ao mesmo tempo em que há aumento do número de clientes. O concurso para PCDs é uma medida positiva e exigida por lei, mas insuficiente. É preciso que as contratações de concursados também sejam efetivamente realizadas e de forma célere, sob o risco de se comprometer a assistência à população”, destacou o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
Já estão abertas as inscrições para o VI Fórum Nacional Pela Visibilidade Negra no Sistema, que será realizado no dia 23 de novembro de 2021, de forma online. Ao todo, são 400 vagas. As inscrições poderão ser efetivadas até o dia 22 de novembro neste link e, após confirmadas, o (a) participante receberá, por e-mail, o acesso ao evento.
O encontro, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), é dirigido aos dirigentes sindicais e às assessorias responsáveis pelas Secretarias de Políticas Sociais dos Sindicatos e das Federações.
“Estamos realizando o VI Fórum Nacional Pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro para debater o racismo na sociedade e seus reflexos no mercado de trabalho. Nosso interesse é fortalecer o debate do tema do combate ao racismo e discutir formas de atuação sindical para ampliar o número de negras e negros na categoria bancária e lutar com o movimento negro para que todos os trabalhadores dos mais diversos seguimentos tenham oportunidade, de acesso e salário justo. Chega de racismo no trabalho e na vida”, afirmou Almir Aguiar secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT.
“Vivemos hoje numa conjuntura absurda, no qual o racismo tem se propagados todos os dias, seja na violência policial, agressões verbais e muito forte no mercado de trabalho. Onde a população negra tem sido discriminada no acesso ao mercado mais qualificado, no sistema financeiro, o II Censo da Diversidade realizado em 2014, mostrou que, que somente 24,7% dos trabalhadores nos bancos brasileiros são negros. E com certeza a cor da pele é um impeditivo para ascensão profissional. É necessário que os bancos deixem seus preconceitos de lado e realmente promova a inclusão, saindo do discurso para a prática”, completou Almir Aguiar.?
Veja a programação completa do Fórum:
9h30 – Abertura
ANÁLISE DE CONJUNTURA HISTÓRICA DAS RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL, DIREITOS E PERSPECTIVAS
10h30 – “O resgate do trabalho escravo, desde o sequestro dos irmãos negros na África até o fim do século XIX”
Ramatis Jacino
11h05 – “Genocídio da população negra e suas relações históricas”
Tamires Sampaio
12h – Debate
13h – Intervalo para Almoço
PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO E POLÍTICAS DE COMBATE AO RACISMO
14h – “A questão racial no mercado de trabalho e no setor bancário”
Nádia Vieira
14h25 – “Conquistas históricas, ações afirmativas na luta contra o racismo na vida e no trabalho”
Gabriel Sampaio
14h55 – “Educação como mecanismo de mobilidade econômica no mercado de trabalho”
Anatalina Lourenço
EMPODERAMENTO DA MULHER NEGRA E VIOLÊNCIA NA PANDEMIA
15h40 – “Empoderamento das mulheres negras e violência na pandemia”
Major Denice
16h05 – “A importância do ativismo político das mulheres negras”
Ana Cruz
16h30 – “Criações Imaginéticas: Narrativas reais na pandemia”
Uma análise setorizada elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, de abril a setembro de 2021, o setor bancário vem apresentando saldo positivo na trajetória de emprego formal. Ou seja, os bancos têm contratado mais do que demitido. No acumulado do ano, há um saldo positivo de 2.751 postos de trabalho no setor.
“É uma boa notícia a de que houve saldo positivo de vagas no setor bancário nos nove primeiros meses de 2021, mas, se ampliarmos o período da análise para 12 meses, veremos que houve uma redução de 6,7 mil postos de trabalho bancário em um ano. Temos que comemorar a reversão do quadro, mas ainda não se pode soltar fogos”, observou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia. “Se não fizermos essa análise mais ampla correremos o risco de deixar passar aspectos que mostram que tal crescimento ocorre por questões pontuais”, completou.
Digitalização e contratações da Caixa
Segundo Mario Raia, o saldo positivo no emprego bancário constatado pelo Dieese na análise do Caged até setembro se deve, principalmente, devido às contratações realizadas pela Caixa Econômica Federal por pressão do movimento sindical e determinação da Justiça. Outro motivo é a segmentação das contratações na área de tecnologia da informação (TI) entre os bancos de carteira múltipla, onde estão os grandes bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander) e o Banco do Brasil, em consequência do acelerado processo de digitalização dos atendimentos.
Em setembro foram realizadas 4.365 admissões e 3.116 desligamentos, o saldo ficou positivo em 1.249 vagas. Foram 692 contratações pela Caixa e 556 pelos “Bancos Múltiplos com Carteira Comercial”. Destas 556 contratações, 298 são ligadas diretamente à Área de TI (a função de “Analista de Desenvolvimento de Sistemas” foi a que obteve maior saldo positivo com a criação de 261 vagas).
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que é secretária de Cultura da Contraf-CUT, ressaltou que as contratações realizadas pelo banco são uma luta antiga do movimento sindical. “Os empregados estão extremamente sobrecarregados. Reivindicamos as contratações para melhorar as condições de trabalho e também para ajudar na melhora do atendimento à população. A Caixa somente realizou estas contratações por ter sido forçada, mas, mesmo assim, elas estão aquém do necessário”, disse. “Conseguimos na Justiça a manutenção da validade do concurso e temos milhares de aprovados aguardando serem chamados. E o Pedro Guimarães (presidente da Caixa), que foi forçado a contratar, quer se autopromover dizendo que está contratando para melhorar o atendimento à população. A verdade é que só contratou por ter sido forçado”, completou.
Recorte de gênero
Outro ponto a ser destacado na análise feita pelo Dieese é com relação à distribuição de gênero na movimentação do emprego bancário. A contratação de mulheres, no mês de setembro, foi 14,3% menor do que a de homens. Foram contratados 791 homens e 488 mulheres.
Achatamento salarial
Já em relação às faixas etárias, é possível observar saldo positivo entre as primeiras faixas, até 39 anos, com aumento de 1.519 vagas e para as faixas etárias acima dos 40 anos, foi notado movimento contrário, com o fechamento de 270 vagas.
“Esta é uma prática que já vem sendo observada faz bastante tempo e não é exclusividade da categoria bancária. Os bancos e as empresas de uma forma geral demitem funcionários com mais idade e experiência e contratam novos funcionários, com salários mais baixos. A consequência é o achatamento salarial da categoria e o aumento do lucro dos empregadores”, explicou.
O salário mensal médio de um bancário admitido em setembro corresponde a 92,9% do salário médio mensal do demitido.
Recorte geográfico
No que diz respeito ao recorte geográfico da Caged de Setembro, verifica-se abertura de postos de trabalho em praticamente todos os estados da federação, exceto em Roraima, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O estado de São Paulo segue com saldo favorável. Em setembro foram abertas 735 novas vagas no estado, sendo 255 vagas exclusivas na área de tecnologia da informação. Em todo o ano, foram abertas 1.690 novas vagas no estado, consequência da abertura de 2.224 postos em ocupações de tecnologia contra o fechamento de 534 postos de áreas diversas.
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu com o banco no final da tarde de sexta-feira (5) para debater a minuta de reivindicações específicas dos funcionários do banco. “Estamos sem negociação desde antes da pandemia, há praticamente dois anos”, lembrou a coordenadora da COE, Magaly Fagundes, durante o encontro.
Emprego, saúde e segurança são os principais pontos da minuta. O documento foi construído de forma coletiva e atualizado no Encontro Nacional dos Trabalhadores do Bradesco, que ocorreu em agosto.
O banco assumiu o compromisso de, ainda nesta semana, entre 8 e 12 de novembro, enviar uma proposta de calendário de negociação da minuta específica e sobre os seguintes pontos abordados também no encontro:
Teletrabalho
O rodízio de teletrabalho na rede de agências acabou no dia 4 de outubro. Recentemente o Comando Nacional dos Bancários divulgou o resultado da 2ª Pesquisa de Teletrabalho da Categoria Bancária. “Com base neste material, o Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) está preparando um relatório com o recorte do Bradesco. A partir dele, precisamos ajustar o acordo à realidade das funcionárias e funcionários do banco”, ponderou Magaly, completando que é preciso ainda rever o acordo de teletrabalho que foi assinado em 2020.
Planos de Saúde
Antes da pandemia, os representantes dos funcionários haviam levantado uma série de questões relacionadas à ampliação dos planos Saúde e Dental. Na ocasião, antes do lockdown, o banco pediu 90 dias para buscar soluções. Na reunião, portanto, os sindicatos pediram a retomada da discussão para rever os problemas com a rede de credenciados pelas federações e seus respectivos sindicatos.
Igualdade de oportunidades
Os representantes dos trabalhadores também se manifestaram sobre a necessidade de o banco apresentar propostas para alcançar a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, brancos e negros, além da equidade salarial entre todos e todas.
Reestruturação
Apesar de o Bradesco não anunciar, oficialmente, que há um programa de reestruturação em andamento, as demissões acontecem ao mesmo tempo em que o banco vem transformando agências em unidades de negócio (UN), estruturas sem caixas e com atendimento automatizado.
“De janeiro até agora, segundo levantamento que fizemos nas bases dos sindicatos, passamos de 3 mil demissões. Isto tem a ver com a implementação das unidades de negócios?”, questionou Magaly. Considerando doze meses, encerrados em setembro de 2021, o Bradesco eliminou cerca de mil agências, resultando no corte de mais de 8.100 postos de trabalho.
Os representantes do banco argumentaram que as UNs são “uma estratégia de negócio que respondem a uma demanda de mercado”, processo que já vinha ocorrendo, mas que foi “acelerado pela pandemia” e que “não existe, neste momento, reestruturação”.
Os representantes dos trabalhadores rebateram: “Temos cidades com 300 mil habitantes onde o banco deixou apenas uma agência para atender todo o público, sobrecarregando os funcionários”, destacou o diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Geraldo Rodrigues de Oliveira.
Magaly pontuou ainda que os sindicatos receberam manifestações de funcionários preocupados com a segurança. “As UNs não têm tanto movimento como as agências, mas há um caixa eletrônico que acaba expondo o funcionário”, destacou.
Em relação ao aumento das demissões, os porta-vozes da direção do Bradesco disseram que parte dos desligamentos “são de pessoas que estão pedindo demissão para trabalhar em outras áreas, indústrias, ou abrir negócio próprio”.
Os representantes dos trabalhadores rebateram: “As demissões não tem a ver com o descontentamento dos funcionários com a situação do trabalho, plano de carreira e salários?”, perguntou Magaly. “Quando olhamos para os números, ficamos um pouco assustados, porque o Bradesco sempre defendeu ser ele um banco de carreira”, completou a coordenadora da COE.
“Hoje aconteceram dois casos comigo, de duas bancárias distintas. Uma gerente de agência, dizendo que o motivo da sua demissão foi ‘reestruturação’, palavra que saiu da boca da gestora dela, e outra que pediu para sair por causa de sobrecarga no trabalho, para buscar emprego em outro banco”, contou a representante do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região na COE Bradesco, Erica Oliveira.
Para os representantes dos trabalhadores, o fechamento de agências e a redução do número de funcionários, da forma como estão ocorrendo, precisam ser esclarecidos pelo Bradesco. Durante o encontro eles destacaram a necessidade de o banco apresentar em breve uma resposta à minuta de reivindicações que abre, justamente, com o pedido para que a empresa institua “medidas que visem aumentar o número de empregados, adequando o seu quadro funcional à praça e ao porte das agências, de modo que não ocorra sobrecarga de trabalho e o tempo de espera no atendimento dos clientes e usuários não seja superior a 15 minutos”.
Embora as tecnologias digitais sejam celebradas como motor de mudança e solução de problemas (até mesmo estruturais) da sociedade, não é possível negar o papel considerável que elas exercem no reforço de opressões e desigualdades.
Essa relação direta é tema de análise no dossiê 46 do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. Com o título Big Techs e os desafios atuais para a luta de classes, o documento parte do princípio de que as ferramentas digitais presentes no cotidiano são "mais uma peça" na engrenagem do capitalismo.
"A sociedade capitalista frequentemente produz conhecimentos, técnicas e tecnologias que expressam sua própria natureza e suas contradições. Apropria-se do que existe e busca moldar a realidade para satisfazer suas dinâmicas", diz o texto.
O dossiê é fruto do Seminário Tecnologias Digitais e Luta de Classes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Carolina Cruz, que atua no setor de Tecnologia da Informação do MST e participou da produção do documento, afirma que o objetivo é entender os fenômenos a partir da perspectiva das lutas sociais.
"A gente parte da compreensão de que as tecnologias são fruto do seu tempo. São produzidas por pessoas e expressam as relações, a cultura de um tempo e a forma predominante em que essa sociedade se organiza. A gente vive em um tempo em que a forma predominante é o modo capitalista".
Esse é o ponto central da análise, que demonstra em exemplos como a precarização do trabalho, a insegurança alimentar, a vigilância social e a concentração de renda, informação e poder continuam intactas, a despeito de todos os benefícios prometidos pelas novidades tecnológicas.
"As relações são dominadas pela lógica de acumular cada vez mais capital, mais do que satisfazer as nossas necessidades e criar melhores condições de vida para a população. O que nos leva a absurdos como os recordes de exportação do agronegócio brasileiro em um momento em que a fome volta a assolar o país".
O dossiê avalia as relações entre gigantes do agronegócio e empresas de tecnologia, causadoras de impactos que vão desde o avanço do uso de sementes geneticamente modificadas até mecanismos de financiamento da produção. Hoje é possível dizer que a segurança alimentar da humanidade está nas mãos da iniciativa privada.
Essa conclusão é aplicável a diversos outros setores, "para compreender a ascensão das grandes corporações de tecnologia, conhecidas como Big Techs (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft etc), é preciso compreender como elas se relacionam com os mecanismos de acumulação do capital", pontua o texto.
Segundo o dossiê, "Por mais que se apresentem como “solução” aos problemas econômicos atuais, essas corporações são sintomas, ou seja, expressam como o capitalismo em crise busca direcionar as tecnologias para seus interesses".
Como caminho para reverter esse processo de reafirmação das desigualdades, o texto aponta como a necessidade de estabelecimento da tecnologia como bem comum e não como propriedade de um grupo seleto.
Dar acesso aos recursos e produtos não é suficiente. É necessário "um projeto tático e estratégico de classe" para que a eficiência das soluções sejam reais. A conclusão do dossiê é de que o debate não pode ser pautado por interesses individuais, mas pela coletividade e participação.
Carolina Cruz ressalta que é preciso combater a ideia de que a dinâmica atual da presença das tecnologias na vida da população é um processo inescapável, "Há uma função ideológica nisso. Ao acreditar que está tudo controlado, a gente fica sem margem de ação e acaba se conformando com as coisas como elas estão", alerta.
Nesta semana, entre os dias 9 e 12 de novembro, os trabalhadores nascidos em maio, junho, juho e agosto inscritos no auxílio emergencial por meio do site ou aplicativo da Caixa Econômica Federal (CEF) ou inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) podem sacar a sétima e última parcela do benefício.
O cronograma deste último ciclo prevê que os saques serão liberados a todos os trabalhadores até o dia 19 de novembro. Aniversariantes de setembro, outubro, novembro e dezembro recebem na próxima semana.
A liberação do dinheiro é feita em duas etapas. Na primeira, é necessário acessar o aplicativo “Caixa Tem” e selecionar as opções “Saque sem cartão” e “Gerar código de saque”. Depois, com o código em mãos, o beneficiário tem até uma hora para fazer a retirada do dinheiro em lotéricas ou agências da Caixa. O saque é liberado de acordo com o mês de aniversário da pessoa inscrita.
Até então, o dinheiro apenas podia ser movimentado apenas digitalmente, permitindo o pagamento de contas com o aplicativo Caixa Tem e compras com o cartão virtual.
Auxílio Brasil
Criado em 2020 devido à crise econômica intensificada pela pandemia de covid-19, o auxílio emergencial encerrou em outubro passado, com as últimas liberações de saque neste mês de novembro.
De acordo com o ministro da Cidadania, João Roma, a partir deste mês de novembro será implementado o Auxílio Brasil, que irá substituir o Bolsa Família e o auxílio emergencial.
Para os beneficiários do Auxílio Brasil, será feito um reajuste de 20% sobre o valor médio pago às famílias. Já para os trabalhadores inscritos no CadÚnico e que estão inseridos nas faixas de pobreza e pobreza extrema haverá um benefício mínimo de R$ 400.
Incertezas
A criação do Auxílio Brasil pretende derrubar o Bolsa Família, que completou 18 anos no último dia 20 de outubro. A proposta de alteração no programa de transferência de renda foi encaminhada pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional, em agosto deste ano, por meio da Medida Provisória (MP) 1061/2021.
O Bolsa Família é um programa popular, citado em artigos e manifestos, não apenas por seu impacto em diversas esferas da sociedade brasileira ao longo dos anos, mas também pelo fato de estar sendo aniquilado pelo governo Bolsonaro.
Este artigo analisa como a precarização do trabalho, disfarçada no discurso de “modernização” das relações de contratação, ficam evidentes em momentos de instabilidade econômica, causando diminuição de renda e incertezas aos trabalhadores e trabalhadoras. O texto foi originalmente publicado na 19ª Carta do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) – que pode ser acessada por aqui.
A “reforma” trabalhista aprovada em 2017 “legalizou”, em alguma medida, um conjunto de práticas no campo do trabalho que, historicamente, foram questionadas e combatidas, através do enfrentamento político e jurídico, pelos representantes da classe trabalhadora. Durante o processo que culminou na aprovação, determinados setores da sociedade – empresários, partidos políticos, meios de comunicação –, contrapondo-se à opinião de que a “mudança” na legislação (CLT), na forma como estava sendo feita, retiraria a proteção dos trabalhadores, não economizaram munição no enfrentamento, no campo das ideias, que buscou convencer a população de que o país precisava modernizar sua legislação trabalhista.
A promessa, com a aprovação da “reforma”, e com a diminuição de encargos (apresentados como “desnecessários”), era de geração de emprego, criação de postos de trabalho, aumento das exportações, enfim, o Brasil se tornaria mais “competitivo” no cenário mundial. A ideia de “menos direitos” foi apresentada como uma pauta positiva, associado a uma relação menos “engessada”, com maior flexibilidade e autonomia do trabalhador para negociar seu contrato de trabalho. Esta não é uma situação exclusivamente brasileira. Trabalhadores de outros países também foram, nos últimos anos, vítimas da “flexibilização” que levou a precarização nas relações de trabalho. David Harvey, geógrafo inglês, explica que as crises, no capitalismo neoliberal, são sempre uma justificativa para retirada de direitos.
Ao mesmo tempo em que se constrói um discurso positivo sobre a “flexibilização”, surgem modelos de contratação, no âmbito da prestação de serviços, que estão em absoluta consonância como essas ideias. A “uberização” do trabalho, termo utilizado por, entre outros, Ricardo Antunes, sociólogo do trabalho, é um exemplo disto. O trabalho por meio de “aplicativos” estabelece uma relação mediada por uma “plataforma digital”, o que rompe com o tradicional vínculo entre empresa e trabalhador, e sugere que os indivíduos sejam “agora” donos de seu próprio negócio. Este novo modelo permite uma relação que substituí a ideia de funcionário pela ideia de “parceiro”, o que, pelo menos em tese, contribui para subtrair, das empresas, um rol de responsabilidades.
Com relação aos “novos modelos” de trabalho, que ganharam protagonismo no último período, algumas coisas se conjugaram, entre elas: 1) a chegada de tecnologias (aplicativo) que permitem a intermediação entre “empresa” e “pessoas”, permitindo o seu uso, para a prestação de serviço, em qualquer horário, o que garante um autocontrole de jornada, dando assim a impressão de autonomia; 2) um discurso massivo de que a flexibilização, da jornada e das relações de trabalho, é algo “moderno” e traz vantagens, inclusive de que as pessoas deixam de ser “empregadas” e passam a ser donas de seu próprio negócio; 3) uma alta taxa de desemprego, o que tornou o serviço por aplicativo uma alternativa de renda importante e 4) a legitimação (Reforma Trabalhista) de um modelo de contratação em que a flexibilização de jornada e de direitos são legalizados.
Uma nova “mentalidade” para uma nova tecnologia
A ideia de que um emprego fixo – com renda e jornada fixas, e com direitos (férias, 13º salário, auxílio-refeição etc.) – é coisa do passado, vem sendo utilizada, já há algum tempo, inclusive pelos meios de comunicação, como argumento de que a flexibilização, nas relações de trabalho, é o melhor caminho para tornar as empresas competitivas e a econômica pujante. “Autonomia” tornou-se a pedra de toque para este debate que tenta enfraquecer a concepção “coletiva” de organização dos trabalhadores e põe o individualismo no centro.
Mas, como isso tem ocorrido na prática? Quais são os desafios financeiros para um trabalhador que não tem seu salário garantido no final do mês?
Quando as corridas por aplicativo chegaram ao Brasil, muitos tiveram ganhos satisfatórios a ponto de deixarem seus empregos fixos para dedicação exclusiva ao novo “empreendimento”. Com o tempo, o gasto com a manutenção do automóvel baixou um pouco a expectativa, mas a alta taxa de desemprego, no País, consolidou o “aplicativo” como uma alternativa de trabalho e renda.
Instabilidade econômica
A pandemia da covid-19, que obrigou uma parcela significativa de pessoas a ficar em casa, revelou alguns dos problemas que a falta de empregos formais e bons acordos coletivos podem trazer para os trabalhadores. Uma constatação, sobre este modelo de trabalho, especialmente com a necessidade de ficar em casa por conta da pandemia, é a dificuldade de formar uma provisão. A manutenção, um fator de pouca previsibilidade, obriga o dono do automóvel a gastar parte do dinheiro que poderia tornar-se uma poupança. Outra questão é a necessidade de uma jornada muito alta para garantir o ganho necessário para as contas do mês.
Precarização no trabalho: Para tentar compensar os gastos com o combustível, motoristas chegam a trabalhar de 14 a 16 horas, diariamente (foto de arquivo pessoal, via BBC News)
Com a manchete “’Se aumentar mais, profissão acaba’: alta dos combustíveis já levou 25% dos motoristas de apps a desistir”, matéria na BBC News aborda esta questão, e mostra que mesmo pessoas que chegaram a ter, outrora, uma renda satisfatória, têm considerado, no momento, deixar de trabalhar com o aplicativo por ser impraticável realizar corridas, e ter um ganho razoável, com o atual preço dos combustíveis. Situação que se agrava quando o motorista precisa alugar um automóvel, que pode chegar a dois mil reais por mês.
Para tentar compensar os gastos com o combustível, motoristas chegam a trabalhar de 14 a 16 horas, diariamente. Além disso, as empresas não vinham, há algum tempo, reajustando os valores para os motoristas, o que fez com que uma parcela deixasse de trabalhar com o aplicativo. As empresas, por sua vez, negam que estejam perdendo “parceiros” e afirmam que estão reajustando – o que teria acontecido em setembro – o preço das corridas sem repassar aos clientes (G1/Economia).
O fato é que os trabalhadores de “aplicativo” – usamos aqui o exemplo das “corridas”, mas poderíamos citar outros setores, como “entregas” etc. – vêm sentindo dificuldade em obter a renda necessária para cobrir suas despesas. Muitos afirmam que “paga-se para trabalhar”. Quando a economia está melhor, o desemprego é baixo e as pessoas estão consumindo mais, o discurso que defende a flexibilização do trabalho, como um modelo paradigmático, esconde melhor suas desvantagens, e torna-se “aceitável”, sobretudo entre os jovens. Mas, quando se enfrenta alguma crise, logo fica evidente o quanto, num país como o Brasil, faz-se necessário uma legislação que garanta renda e direitos mínimos. A flexibilização, nessa conjuntura, agrava a “precarização” e leva parcela importante dos trabalhadores ao empobrecimento.
Se a precarização do trabalho, por si só, leva às pessoas ao problema da renda (pela supressão de direitos), também agrava o problema da saúde, pois é necessário trabalhar mais (de forma extenuante) para garantir um determinado padrão. Esse conjunto de coisas faz da oposição entre negociações individuais e coletivas um tema, em tempos de crise, fundamental para uma reflexão sobre o futuro da classe trabalhadora.
Claudio Pereira Noronha é graduado em Administração de Empresas, com pós em Globalização e Cultura. Mestre e doutor em Ciências da Religião e assessor do Sindicato dos Bancários do ABC.
Durante reunião com a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, realizada na sexta-feira (5), o banco anunciou a ampliação de 10% para 20% do quadro de trabalhadores no esquema presencial, a partir do dia 16 de novembro.
Os funcionários que estão em home-office recebem o convite para o retorno ao trabalho presencial a partir desta segunda-feira (8). O retorno valerá para todas as estruturas administrativas. A cada semana, o banco irá incrementar em mais 20% o quadro presencial. Porém, avaliando o cenário a cada 15 dias para determinar se mantém o fluxo de retorno ou suspende.
Apenas aqueles que estiverem totalmente imunizados estarão elegíveis para o trabalho presencial. Funcionários do grupo de risco e gestantes continuarão em home-office. E, conforme solicitado anteriormente pelos sindicatos, o retorno será de forma gradual, respeitando os protocolos de segurança e com escalas nos horários de almoço, de entrada e de saída de funcionários.
A coordenadora da COE, Magaly Fagundes, manifestou que os sindicatos continuarão atentos para que o grupo de risco seja protegido. “Chegou para nós a informação de uma pessoa com diabetes que recebeu do gestor a solicitação para voltar ao trabalho presencial. Então, pedimos para que os gestores sejam reorientados a não buscarem ninguém do grupo de risco”, destacou.
Em reunião anterior, realizada em setembro, os representantes dos bancários cobraram a manutenção dos protocolos de segurança e saúde, negociados desde o início da pandemia, como uso de máscara por clientes e funcionários, manutenção do distanciamento, álcool em gel e melhoria na qualidade das máscaras fornecidas aos funcionários. No encontro dessa sexta, o banco confirmou a aplicação do protocolo e a compra de um novo modelo de máscara, de proteção tripla, que será fornecida aos funcionários a partir da próxima remessa.
Horário de atendimento
O Bradesco manterá o horário reduzido para o público normal nas agências, das 10h às 14h. E, para os aposentados, em dia de pagamento, das 8h às 14h e, em dias normais, das 9h às 14h.
O banco Bradesco obteve lucro líquido recorrente de R$ 19,602 bilhões nos nove primeiros meses de 2021, crescimento de 54,9% em relação ao mesmo período de 2020. No 3º trimestre, o lucro foi de R$ 6,767 bilhões, alta de 7,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado do banco –ROE) foi de 18,3%, com alta de 5,4 pontos percentuais (p.p.) em doze meses.
O resultado é melhor, inclusive, do que o dos períodos que antecederam a pandemia. Segundo o banco, é reflexo da melhora da atividade econômica, do resultado obtido com as operações de seguros, que evoluíram mais de 100% no trimestre, da alta das receitas com margem financeira com clientes e prestação de serviços, além das menores despesas com PDD.
“O resultado do banco foi excelente e seria motivo de a gente ficar feliz por o país estar se recuperando. Mas, a realidade é bem diferente. A fome voltou ao Brasil! E o banco, não tem sequer vergonha de dizer que um dos motivos de seu astronômico crescimento é a cobrança de tarifas por prestação de serviços dos brasileiros. Isso faz com que, ao invés de felizes com o crescimento do lucro do banco, a gente fique triste”, lamentou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, Magaly Fagundes. “Ficamos ainda mais tristes quando vemos que não apenas o Bradesco, mas os bancos de uma forma em geral, lucram muito mesmo com a imensa crise que vive o país e o mundo. Este não é o sistema financeiro que a gente quer! Este não é o sistema financeiro que o Brasil precisa!”, completou.
A receita obtida pelo Bradesco com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 5,3% em doze meses, totalizando R$ 20,4 bilhões. Esta é uma fonte secundária de receitas do banco. O valor é muito grande, porém muito menor do que os obtidos pelo banco com suas principais transações financeiras. Mas, mesmo com este valor “secundário”, o banco consegue pagar todas as despesas de pessoal e ainda sobra 38,3%.
Demissões e fechamento de agências
Nos últimos três meses, o banco abriu 374 postos de trabalho. Mas, se olharmos a quantidade de vagas fechadas no decorrer de um ano, veremos que a verdade é que banco vem reduzindo seu quadro de funcionários. Ao final de setembro de 2021, a holding contava com 87.736 empregados no país, com fechamento de 8.198 postos de trabalho em doze meses.
E os clientes, como demonstra o relatório do próprio banco, estão pagando cada vez mais tarifas, têm menos trabalhadores para atendê-los e também menos agências para procurar em caso de necessidade. Em doze meses, foram fechadas 765 agências e 120 postos de atendimento (PA).
“O lucro do banco foi expressivo em todas as operações. Não se justifica a redução do quadro de funcionários e o fechamento de agências”, disse Magaly.
Carteira
A carteira de crédito expandida do banco cresceu 16,4% em doze meses, atingindo R$ 773,3 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 24,7% no período, totalizando R$ 303,5 bilhões, com destaque para o financiamento imobiliário (+41,3%), cartão de crédito (+26%) e o crédito consignado (+24,2%). As operações com pessoas jurídicas somaram R$ 469,8 bilhões no país, com alta de 11,6% em doze meses. Nesse segmento, destacaram-se o crédito rural (+41%), o CDC/Leasing (+31,7%) e o financiamento imobiliário (+18,4%). O Índice de Inadimplência para atrasos superiores a 90 dias subiu 0,3 p.p., ficando em 2,6% no 3º trimestre. As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) foram reduzidas em 47% em relação ao mesmo período de 2020, totalizando R$ 11,1 bilhões em setembro de 2021.
CUT Brasil – No segundo dia da viagem do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, à Venezuela, a comitiva de sindicalistas foi recebida por ministros do governo de Nicolás Maduro, em Caracas. O dirigente brasileiro está no país vizinho desde terça-feira (2), em uma ação de solidariedade aos trabalhadores e ao governo venezuelano, que, em janeiro deste ano, doou 130 mil litros de oxigênio hospitalar a Manaus (AM), onde pacientes internados com covid-19 morreram por asfixia.
Em retribuição, a CUT fez uma campanha de arrecadação e conseguiu recursos para a compra de uma tonelada de peças de reposição para a usina local de produção deste insumo hospitalar. “Nosso principal interesse [ao doar o oxigênio] era salvaguardar vidas de brasileiros, porque nossa vontade infinita é sempre poder expressar ao povo do Brasil nosso carinho e respeito sincero”, disse o chanceler Rander Peña, vice-ministro das Relações Exteriores do país vizinho.
A Venezuela sofre embargo econômico internacional há seis anos, principalmente dos Estados Unidos, o que impede o país de comprar insumos às suas plantas.
“A unidade e troca de experiência entre todos os trabalhadores e trabalhadoras latino-americanos, por meio de seus representantes legítimos, é muito importante para o movimento sindical e para a Região, porque temos lutas semelhantes em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da democracia e da soberania de cada país”, afirmou o presidente nacional da CUT.
Acompanhado do secretário de Relações Exteriores da CUT, Antonio Lisboa, de Miguel Torres, presidente da Força Sindical, e de Sandro Cezar, presidente da CUT-Rio, Sérgio Nobre se reuniu na tarde desta quarta-feira (3) com Rander Peña, ao lado do embaixador venezuelano no Brasil, Alberto Castellar, e do vice-ministro e chanceler Carlos Ron, presidente do Instituto Simon Bolívar. Antes, o presidente da CUT teve encontro com o ministro do Trabalho da Venezuela, José Ramon Rivera.
Encontro reafirmou aos ministros venezuelanos o agradecimento pela doação de oxigênio a Manaus / Reprodução
Relações
Até sábado (6), quando retornarão ao Brasil, o presidente nacional da CUT e comitiva terão reuniões com lideranças sindicais e sociais venezuelanas.
O chanceler Rander Peña se disse honrado e agradeceu a presença dos sindicalistas brasileiros ao afirmar que “a vinda dessas importantes representações sindicais do Brasil à Venezuela nada mais é do que o interesse mútuo, a expressão genuína de nossos povos de se abraçarem como sempre deveria ter sido e jamais deveria ter sido interrompido”.
O governo Bolsonaro não reconhece o presidente Nicolás Maduro, retirou equipe diplomática daquele país e nunca agradeceu a doação de oxigênio feita por Nicolás Maduro. “Para o povo venezuelano, para o presidente Nicolás Maduro e para a Revolução Bolivariana, é importante a vida de cada homem e cada mulher latino-americano no mundo”, responde o vice-ministro Peña.
O presidente nacional da CUT reafirmou aos ministros venezuelanos o agradecimento pela doação de oxigênio a Manaus e disse que o principal objetivo da visita, além de reforçar relações, é retribuir a solidariedade dos trabalhadores e trabalhadoras venezuelanos, que foi crucial para evitar mais mortes durante o colapso da saúde em Manaus.
Sérgio Nobre visitará a Usina de Sidor, em Orinoco, a 320 quilômetros da capital Caracas, que produziu o oxigênio hospitalar doado ao Brasil, em janeiro. A compra foi feita com os recursos arrecadados durante os quatro meses da campanha lançada pela CUT em 29 de junho, junto a seus entes filiados.