Maio 22, 2025
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A licença-maternidade para mães de bebês prematuros, que passam por internação, será ampliada. A decisão foi tomada na quinta-feira (12), pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo da deliberação é permitir que o período em que as mães passam com seus filhos em casa seja o mesmo das demais trabalhadoras.
A decisão tem efeito imediato para todas as trabalhadoras com carteira assinada, que atuam no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). De acordo com o decreto, a licença dessas mães só vai começar a contar oficialmente após a alta da mulher ou do bebê. “O período de internação neonatal guarda as angústias e limitações inerentes ao ambiente hospitalar e à fragilidade das crianças. Ainda que possam eventualmente amamentar e em alguns momentos acolher nos braços seus filhos, é a equipe multidisciplinar que lhes atende, de modo que é na ida para casa que os bebês efetivamente demandarão o cuidado e atenção integral de seus pais”, escreveu o ministro Fachin.
Bebês prematuros são aqueles que nascem antes das 37 semanas de gestação. Na maioria dos casos, bebês com prematuridade extrema, que nascem com menos de 30 semanas de gestação, precisam permanecer internados na UTI. Alguns só respiram com ajuda de aparelhos por um período até se adaptarem.
Para Elaine Cutis, secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), enquanto os bebês estão recebendo tratamentos hospitalares, a mãe ainda não possui contato com o filho. “A licença-maternidade após esse período é muito importante pois estabelece um relacionamento entre a mãe e o filho, o que não acontece enquanto estão recebendo tratamentos hospitalares, em incubadoras, por exemplo”, disse.

Fonte: Contraf-CUT

A votação da Medida Provisória (MPV) 905 – que impõe o trabalho aos sábados e feriados, jornada de 8 horas e ataca a PLR dos bancários –, foi adiada novamente nesta segunda-feira (13), na Câmara dos Deputados. A votação da MPV 905/19, porém, foi inserida na pauta de terça-feira (14), às 10h.

Inicialmente, a votação estava prevista para terça-feira da semana passada (7), mas foi adiada pela direção da Câmara, por falta de acordo entre os líderes partidários. Voltou para a pauta da sessão online desta segunda, mas foi adiada por não haver mais tempo hábil. A demora da votação anterior, do PLP 149/19 de ajuda emergencial aos estados, foi o principal motivo.

Para Jeferson Meira, o Jefão, secretário de Relações do Trabalho da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a insistência em votar a medida em plena pandemia do novo coronavírus (Covid-19) é uma amostra de como o governo tem prioridades distorcidas. “Não há qualquer urgência em aprovar esta carteira verde e amarela. Na verdade, ela nem deveria entrar em votação, já que é mais uma retirada de direitos das classes trabalhadora. A prioridade deve estar em ajustar as medidas emergenciais de forma a assegurar condições para a sobrevivência das empresas, dos empregos, dos salários e, principalmente, da vida de nossa gente, que se vê diante de imensas incertezas quanto à vida.”

Jornada dos bancários e trabalho aos sábados

O texto original da medida provisória permitia a abertura dos bancos aos sábados e o aumento da jornada dos bancários de 6 para 8 horas. O relator alterou o texto para permitir o trabalho nos bancos aos sábados, aos domingos e aos feriados em casos específicos, como atividades que envolvam automação bancária; teleatendimento; serviços por canais digitais; áreas de tecnologia, segurança e administração patrimonial; e atividades bancárias em locais como feiras, shopping centers, aeroportos e terminais de ônibus, trem e metrô.

A Câmara dos Deputados realiza uma pesquisa para saber a opinião da população sobre a MPV 905. “Acesse a enquete da Câmara, clique em ‘discordo totalmente’ e escreva os pontos negativos que atingem a categoria bancária. Faça a sua parte para pressionar os deputados a não retirarem mais direitos”, convocou Jefão.

Fonte: Contraf-CUT

Mais de 32 milhões de pessoas de cadastraram junto à Caixa Econômica Federal para pedir o auxílio emergencial de R$ 600 concedido pelo governo federal durante a crise do coronavírus (Covid-19). Dos pedidos encaminhados para a Caixa, 40,2% foram para recebimento por meio da poupança social digital. O banco também recebeu 272,4 milhões de visitas ao site e 160,3 milhões de SMS. No total, 33,5 milhões de downloads do aplicativo foram registrados nas plataformas Android e iOS.

Quase 3 milhões de pessoas já receberam o auxílio. Os primeiros pagamentos foram poupadores da Caixa inscritos no Cadastro Único para programas do Governo Federal: cerca de 2,2 milhões de pessoas. Outros 436.078 lançamentos estão sendo realizados pelo Banco do Brasil. O total disponibilizado foi cerca de R$ 1,5 bilhão.

Fabiana Uehara Proscholdt, secretária da Cultura e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, destaca que, para ter acesso ao auxílio, não é necessário ir até uma agência da Caixa ou casas lotéricas. “Os pagamentos são feitos digitalmente, com crédito em conta. Para saber sobre o recebimento, basta consultar o saldo diretamente pelos meios digitais. A Caixa lançou um aplicativo para facilitar o acesso na semana passada”, disse, se referindo ao aplicativo Caixa Tem. O app, que está em fase de testes, possibilita acessar informações sobre benefícios e programas sociais, além de informações ao trabalhador como FGTS, Abono Salarial do PIS e Seguro-Desemprego. Quem tem conta na Caixa também pode consultar saldo e extrato, fazer pagamentos e transferências de até R$ 250 por transação e até R$ 1 mil por dia.

Filas na Caixa

As dúvidas sobre como receber o auxílio emergencial têm levado dezenas de pessoas a formarem filas nas portas das agências da Caixa. Entidades representativas dos empregados da Caixa têm cobrado do banco público uma ação urgente para orientar melhor a população.

Assim, como na Caixa, as filas e aglomerações provocadas pelo auxílio emergencial também aconteceram nas agências da Receita Federal. A busca para regularizar o CPF causou aglomerações em diversos estados. Para efeituar o cadastro do auxílio emergencial, o beneficiário deve estar com o CPF regular.

Em nota, a Receita Federal orientou as pessoas que precisam regularizar o CPF a fazer pelo preferencialmente pelo formulário eletrônico “Alteração de Dados Cadastrais no CPF”.

Está com dúvidas sobre o auxílio emergencial? Ligue para a Central 111 da Caixa. Também é possível tirar as dúvidas pelo site https://auxilio.caixa.gov.br

Contas Digitais

As pessoas que não têm uma conta bancária terão o auxílio emergencial depositado em contas digitais criadas pela Caixa. De acordo com o banco público, a medida é para evitar a corrida para as agências e casas lotéricas. Serão criadas mais três milhões de contas digitais. Os créditos começarão a ser pagos a partir desta terça-feira (14).

Por meio da conta é possível pagar boletos e contas de água, luz, telefone, entre outras. É possível também efetuar transferências ilimitadas entre contas da CAIXA ou realizar gratuitamente até três transferências para outros bancos a cada mês, pelos próximos 90 dias.

Quem precisa se cadastrar?

O cadastramento é obrigatório para receber o auxílio emergencial apenas para os MEIs, trabalhadores informais sem registro e contribuintes individuais do INSS. O cadastro deve ser feito por meio do no site Auxílio Emergencial, da Caixa, ou baixar o aplicativo Caixa Auxílio Emergencial.

Não é necessário preencher o formulário os beneficiários que estão no Cadastro Único do Governo Federal. Caso já estejam cadastrados no CadÚnico o aplicativo ou site irá mostrar a mensagem: você está no cadastro único do governo federal. As condições de recebimento do auxílio emergencial serão avaliadas com os seus dados do Cadastro único, basta aguardar a liberação.

Site Auxílio Emergencial: https://auxilio.caixa.gov.br/#/inicio

Aplicativo Caixa Auxílio Emergencial:

IOS: https://apps.apple.com/br/app/caixa-aux%C3%ADlio-emergencial/id1506494331

Android: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.caixa.auxilio

Quer saber se você está no Cadastro Único? Acesse o site Consulta Cidadão: https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/consulta_cidadao/.

Fonte: Contraf-CUT

O Comando Nacional dos Bancários se reúne por videoconferência na tarde desta segunda-feira (13) com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para dar continuidade às negociações sobre as medidas implementadas pelos bancos para o enfrentamento à pandemia gerada pelo novo coronavírus.

Entre as medidas que farão parte da mesa, mais uma vez, o Comando vai cobrar que o atendimento presencial nas agências seja feito somente com agendamento prévio e para os casos essenciais, que visam suprir a subsistência dos usuários e clientes. Também será cobrado que os bancos contratem seguranças para organizar as filas no lado de fora das agências.

Fonte: Contraf-CUT

A epidemia de coronavírus, além de aumentar o desemprego, vai ressaltar mais uma vez a desigualdade brasileira, na avaliação de debatedores reunidos pela Oxfam Brasil na noite de quinta-feira (9). Eles lembram, por um lado, de pessoas que já vivem aglomeradas e não têm como seguir regras de isolamento ou adotar o chamado home office. Por outro, apesar das recomendações em contrário, a pressão para permanecer trabalhando, que atinge os mais pobres.

“Quem não pode parar são as pessoas que já estão mais vulneráveis, na periferia”, diz o advogado Daniel Teixeira, diretor do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert). “Você tem famílias que moram muitas vezes em 10, 12 pessoas, em casas pequenas, numa realidade bem diferente de possibilidades de isolamento que a gente tem em uma parcela pequena da população”, acrescenta, lembrando que a crise atual mostra “como funciona a desigualdade no Brasil”.

A percepção é de que “os pobres têm que trabalhar”, resume a administradora Nathalia Rodrigues, a Nath Finanças, especialista em educação financeira para população de baixa renda. Ela conta ter recebido denúncias de pessoas que não são liberadas do trabalho apesar de serem portadoras do vírus. Habituada a dar dicas de investimento, Nath diz que o momento é de “ter empatia com as pessoas”.

Papel do Estado

Ela observa que a situação ajuda a refletir sobre a importância do Estado. E destaca a aprovação da renda básica emergencial, que começou a ser liberada nesta semana, mas lembra que o governo, inicialmente, defendia um valor de apenas R$ 200, que passou a R$ 600 no Congresso. Também é preciso, diz Nath, viabilizar recursos para os autônomos e pequenos empreendedores.

A diretora-executiva da Oxfam Brasil, Kátia Maia, lembra que o mundo inteiro está fazendo “aportes gigantescos” de recursos para ajudar as pessoas a atravessar esse período. E considera injusto, como chegou a se fazer no Brasil, tornar o debate uma escolha entre “saúde e renda”. Também é preciso atrair a juventude para o debate. ” KatiaTrazer a juventude para o debate. Esse é o momento em que é importante escutar os diferentes da sociedade. O que a gente vai construir como sociedade?”

Daniel aponta a presença do “racismo estrutural” no Brasil: de cada três desempregados, dois são pretos ou pardos (classificação usada pelo IBGE), que em média recebem 53% do que ganham os brancos. No Brasil, a gente tem um caso muito específico, onde a nossa matriz de desigualdade tem o começo pelo racismo”, diz.

Essa situação deve também se retratar no coronavírus. Ele lembra que a organização Coalizão Negra por Direitos tenta obter dados que mostrem um “recorte” da doença pela cor. Isso já está acontecendo nos Estados Unidos, onde a maior parte das vítimas que morrem é negra, segundo as informações disponíveis.

O diretor do Ceert também critica a postura do presidente Jair Bolsonaro, que inicialmente falou em “gripezinha” para se referir ao coronavírus e depois declarou que seu “histórico de atleta” o preservaria. “E insistiu numa posição de inércia. Isso deixou a gente sem liderança, do ponto de vista governamental, que pudesse deixar o país mais preparado. Acho que essa inércia, no início, custou caro”, diz. “Agora, quando há uma tentativa de mudar o discurso, as pessoas vão percebendo, e a cartada toda é em cima da cloroquina, a panaceia, para desfazer a inércia.”

Pensamento único

Qualquer reforma no Brasil deve passar pela questão da desigualdade, emenda Daniel, referindo-se aos que chama de “guedistas”, menção ao ministro da Economia, Paulo Guedes. “Muitas vezes ouço falar em reforma tributária sem falar sobre imposto sobre grandes fortunas”, exemplifica. Ele aponta ainda um certo “pensamento único”, pró-mercado, nos meios de comunicação tradicionais.

Falar em genocídio, aqui, não é força de expressão, diz Daniel. Ele lembra que o último genocídio legalmente reconhecido foi o que vitimou aproximadamente 9 mil bósnios muçulmanos, em 1995. E morre “mais que o triplo disso por ano de jovens negros no Brasil”.

Os debatedores falam sobre o papel social das empresas. Nath cita decisão judicial que obrigava o Ifood a pagar trabalhadores afastados – posteriormente, a plataforma derrubou a liminar. “As pessoas estão lucrando com os trabalhadores informais. Pessoas que pensam que são empresários porque estão trabalhando com aplicativo. E quem está trabalhando nesses aplicativos são pessoas negras, a maioria.” Ela acredita, inclusive, que muitas empresas já queriam demitir e usam a pandemia como pretexto.

Contra o teto de gastos

“Deve aumentar o desemprego. É muita gente que está sendo demitida. Não é pra pensar o que vai afetar a economia, mas as pessoas. É o curto prazo, agora”, diz, prevendo também aumento de preços mais à frente e reforçando as críticas ao poder público.

“O governo, se fizesse uma ação antes de falar que era uma gripezinha, uma histeria… É pandemia, não é histeria. Vamos passar por um momento difícil de recessão. Temos de revogar o teto de gastos”, afirma Nath, referindo-se à Emenda Constitucional 95, que congelou gastos públicos. “Temos de valorizar o SUS. Fazer ações nas comunidades para arrecadar alimentos. Pegar o exemplo de outros países e fazer melhor.”

Daniel considera fundamental ressaltar o papel do SUS, “que é tão invisibilizado, sucateado, inclusive do ponto de vista simbólico”. Ele considera “temerária” a emenda do teto de gastos, restringindo investimento em áreas como saúde e educação.

Mais meio bilhão na pobreza

Para a Oxfam, a crise econômica provocada pela pandemia pode levar mais meio bilhão de pessoas para a pobreza, “a menos que ações urgentes sejam tomadas para ajudar países em desenvolvimento”. A organização espera que na semana que vem, quando se reunirão os ministros da Economia dos países do G20, mais o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, seja aprovado um plano emergencial.

Em relatório publicado ontem, a Oxfam lembra ainda que os mais pobres, inclusive nas maiores economias, “atuam mais no mercado informal, não têm proteções trabalhistas e não conseguem trabalhar de casa”. Em todo o mundo, só um em cada cinco desempregados tem acesso a benefícios como o seguro-desemprego. São 2 bilhões de pessoas no setor informal.

A situação se agrava no Brasil. “A necessária e urgente adoção das medidas de distanciamento social e de funcionamento das cidades restrito aos serviços essenciais aprofundam essa situação. Seja com as demissões, suspensão de pagamento de salários, inviabilidade do trabalho informal, o qual depende do funcionamento das cidades; ou com as moradias precárias, a falta de saneamento e água, além dos desafios no acesso a serviços essenciais para a maioria da base da pirâmide social.”

“O Brasil tem cerca de 40 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregados”, lembra a organização. “Estima-se que a crise econômica provocada pelo coronavírus adicione, ao menos, mais 2,5 milhões de pessoas entre os desempregados, segundo estimativas do mercado financeiro divulgados recentemente.”

“O coronavirus coloca o Brasil diante de uma dura e cruel realidade ao combinar os piores indicadores sociais em um mesmo local e na mesma hora. E é neste momento que o Estado tem um papel fundamental para reduzir esse impacto e cumprir sua responsabilidade constitucional, tanto na redução da pobreza e das desigualdades como na garantia à vida da população”, afirma Kátia Maia. 

Fonte: Rede Brasil Atual

Para o professor-doutor Antonio Corrêa de Lacerda, embora ainda seja difícil prever a extensão e os efeitos da pandemia na economia e na crise global, é possível afirmar que pelo menos uma das ações adotadas até agora pelo governo brasileiro é equivocada: editar uma medida provisória que permite redução salarial, caso da MP 936, questionada, inclusive, no Supremo Tribunal Federal.

É um “auto-engano”, define o também diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (FEA/PUC-SP) e presidente do Conselho Federal de Economia. “Sem salário, não há consumo. Sem consumo, não há produção e sem produção não há emprego.” A medida pode trazer um alívio imediato, mas vai aprofundar a crise, avalia.

Autor do livro O Mito da Austeridade (Editora Contracorrente), Lacerda critica o recorrente pensamento ortodoxo, do ajuste fiscal a qualquer preço e de menor presença do Estado na economia. “No Brasil, são aplicadas políticas que poucos ainda defendem mundialmente.” A pandemia do coronavírus escancara esse erro.



Tamanho da crise

Com a pandemia, há alguma previsão possível de se fazer a esta altura, considerando que a economia já dava sinais de crise?
Na verdade, a profundidade e extensão da crise brasileira vão depender do mesmo processo internacional, do tamanho da crise sanitária e da eficácia e dimensão das medidas do governo para combatê-las.

Especificamente para o Brasil, qual é o cenário? O que esperar do mercado de trabalho, por exemplo?
O quadro de recessão (queda do PIB) está dado. Não se sabe ainda de quanto, mas podemos prognosticar algo entre -3% e -6%, a depender dos aspectos levantados na questão anterior. O desemprego aumentará. Menos consumo, menor produção, menos emprego, em um ciclo vicioso. Daí a importância de medidas para compensar a recessão, pelo menos em parte.

As medidas apresentadas até agora pelo governo são suficientes? 
Embora na direção correta, ainda são muito tímidas, tardias e insuficientes relativamente à crise que se prenuncia. É preciso mais volume de recursos e maior efetividade a agilidade na sua execução.

Qual sua visão sobre a Medida Provisória 936, que permite redução de salários? Não deveria haver um esforço para preservar a renda neste momento, além da sobrevivência das empresas?
Reduzir salário é uma falsa solução. Um autoengano. Pode amenizar a situação da empresa, no curto prazo. Mas sem salário não há consumo. Sem consumo não há produção e sem produção não há emprego. Ou seja, do ponto de vista macroeconômico reduzir salário não resolve, pelo contrário, aprofunda a crise. Uma alternativa seria cobrir a diferença com recursos do Estado, o que de certa forma está proposto, mas de forma limitada.

O “mercado” na Berlinda

“O que restou da indústria brasileira”, como o senhor diz, é dependente de insumos da China. O país está pagando pela falta de política industrial?
A ausência de um projeto de nação que contemple uma abordagem ampla de desenvolvimento está ausente há um bom tempo. Em momento de crise, como agora, na pandemia, isso fica mais evidente na economia. Destruímos nossa capacidade de industrialização e isso faz muita falta. Dependemos de importação não só de aparelhos sofisticados, mas de material médico básico, como luvas, máscaras e respiradores, por exemplo.

Muito se fala, agora – em meio à pandemia –, na presença do Estado para recuperar a economia. Isso põe na berlinda a visão ortodoxa do ajuste fiscal a qualquer preço, ou é apenas uma “concessão” momentânea?
A história já mostrou que a visão ortodoxa liberal, a corrente principal do pensamento econômico sempre ressurge, apesar das evidências em contrário da sua eficácia. No Brasil, então, são aplicadas politicas que poucos ainda defendem mundialmente. A reversão atual é circunstancial, pois a visão predominante entre os agentes financeiros e sua influência no debate público é a contrária.

E quanto ao papel anticíclico dos bancos públicos? Os recentes ataques não comprometeram a capacidade do setor de fomentar investimentos?
Totalmente. Perdeu-se um tempo precioso em busca de uma suposta “caixa-preta” nos empréstimos do BNDES, que já foi oficialmente descartada, inclusive pelos seus dirigentes atuais. Mas, no tempo das fake news e da pós-verdade, isso sempre retorna, empobrecendo o debate do papel crucial dos bancos públicos no Brasil.

Dólar e outras moedas

Apesar das “brechas” abertas agora, emergencialmente, a chamada emenda do teto de gastos atrapalha o combate à crise e mesmo uma possível retomada, mais à frente?
A Emenda Constitucional 95, cuja aprovação em 2016 foi um equívoco, precisa ser revertida. É um absurdo colocar todos os gastos públicos na mesma cesta, inclusive investimentos em infraestrutura e os sociais. Ainda mais, congelá-los por 20 anos!

Até onde vai a alta do dólar, ou, no nosso caso, a desvalorização do real? Que consequências isso traz para nossa balança comercial?
Ninguém sabe. Na crise o dólar se valoriza frente às demais moedas e o real vai junto. Enquanto durar a crise, haverá volatilidade. As consequências são: encarecimento dos importados e, em tese, um incentivo às exportações. Mas isso não é automático, depende de aproveitar as importações mais caras para reconverter a indústria. E as exportações dependem de compradores. Como o mercado internacional está mais retraído e mais competitivo, isso vai depender também das nossas estratégias comerciais.

Por que o sr. considera equivocada a comparação entre orçamento público e orçamento doméstico, tão presente na mídia brasileira?
Aqui não se trata de opinião, mas constatação. O orçamento das famílias e o das empresas têm que se adaptar à receita, especialmente na crise. Mas o Estado detém o monopólio de emissão de títulos da dívida e de moeda, além de obrigações que lhe são atribuídas pela Constituição Federal. Portanto, a comparação, embora usual e que serve de justificativa para a “austeridade”, não é cabível.

Fonte: Rede Brasil Atual

O governo federal lançou nesta terça-feira (7) um site e um aplicativo de celular para cadastrar os trabalhadores autônomos, informais e microempreendedores individuais (MEIs) que têm direito ao auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200 durante a crise do coronavírus. Serão pagas três parcelas, inicialmente, referente a três meses de auxílio.

Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a primeira parcela começará a ser paga na próxima quinta-feira (9), para aqueles que possuem poupança da Caixa ou são correntistas do Banco do Brasil. Os demais deverão receber até o dia 14 de abril. A promessa é que o pagamento seja feito em até 48 horas depois da conclusão do cadastro no site ou no aplicativo.

Para coibir fraudes, ele afirmou que o único aplicativo oficial é Caixa Auxílio Emergencial e o site é auxilio.caixa.gov.br. “Qualquer outro site ou app é falso”, alertou.

Os valores poderão ser sacados em lotéricas, agências da Caixa, do Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste. Ou poderão ser transferidos, sem custo, para qualquer contas de quaisquer outros bancos.

A segunda parcela será paga entre 27 e 30 de abril, e a terceira, entre 26 e 29 de maio. O auxílio poderá ser estendido, caso seja necessária a ampliação do período de isolamento social necessário para conter a disseminação da doença.

No telefone 111, é possível tirar dúvidas sobre o cadastramento.

Quem deve se cadastrar?

No site ou no aplicativo, devem se cadastrar trabalhadores autônomos, informais e Microempreendedores Individuais (MEIs) que não se registraram no Cadastro Único (CadÚnico) até 20 de março. Beneficiários do Bolsa Família e os demais que já estão no CadÚnico não precisam realizar novo cadastramento.

Tem direito ao auxílio aqueles que têm renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar mensal total de até três salários mínimos (R$ 3.135), e que não tenham recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2018.

Mulheres chefe de família que se enquadrem em tais critérios receberam R$ 1.200. Para os demais, o benefício está limitado a duas pessoas por família.

Aqueles que recebem o Bolsa Família terão o benefício substituído pela renda emergencial, quando o valor desta última for mais vantajoso. Ao final dos três meses, ou enquanto vigorar o auxílio excepcional, os beneficiários voltarão automaticamente a receber os valores anteriores, caso continuem cumprindo os critérios do programa.

Não poderão requisitar a renda emergencial pessoas que recebem outros benefícios previdenciários ou assistenciais, como aposentadorias e seguro-desemprego.

Fonte: Rede Brasil Atual

Os saques do auxílio emergencial por trabalhadores autônomos, informais e desempregados deveriam ser agendados previamente para se controlar o acesso e evitar aglomerações em frente às agências da Caixa Econômica Federal (Caixa), defende o diretor do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Dionísio Reis, que também é coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa. “Não é possível ir para a frente de uma agência e encontrar aquela fila enorme, com um monte de gente aglomerada”, alertou o dirigente, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

O governo federal anunciou nesta terça (07) o calendário de pagamento do auxílio de até R$ 1.200 por família de trabalhadores autônomos, informais e desempregados durante a pandemia do novo coronavírus, previsto para começar na quinta (09). Assim como ocorrem nos pagamentos dos programas sociais, a Caixa terá o desafio de concentrar e operacionalizar os cadastros e o pagamentos das verbas.

Dionísio afirma que seria de se esperar que os demais bancos, especialmente os privados, participassem desse esforço de garantir renda mínima à população, o que não se confirmou. “É importante destacar esse papel. Em meio à pandemia, ninguém quer fazer o pagamento. Mas nós vamos fazer, porque temos condições, temos know-how . No entanto, é fundamental que se dê condições efetivas aos empregados da Caixa (para trabalharem em segurança)”, afirmou.

Negociação liderada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Comissão dos Empregados garantiu que a maioria dos trabalhadores da Caixa faça home office durante a pandemia. As medidas visam a proteção não apenas dos bancários, mas também da população, colaborando com os esforços de isolamento social necessários para conter a disseminação da doença.

Dionísio destaca que a pandemia não é, como se diz, “democrática”, já que os mais ricos e a classe média têm mais condições de cumprir a quarentena, e contam com amplos serviços bancários pela internet. Já as classes populares se expõem à contaminação, exercendo trabalhos precários, como motoristas e entregadores de aplicativos. O agendamento telefônico é fundamental, segundo ele, para evitar que as agências bancárias se transformem em locais de transmissão.

Ainda segundo o sindicalista, são cerca de 250 mil trabalhadores, grande parte do setor administrativo, que estão cumprindo as suas funções remotamente. “É absolutamente necessário o isolamento horizontal, neste momento. Para isso, os bancos devem entender que só o atendimento essencial deve ser exercido pelas agências”, afirmou em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (7).

Também estão suspensos os descomissionamentos, redução de gratificação por desempenho, enquanto durar a quarentena . Nos bancos privados, os trabalhadores conquistaram estabilidade durante esse período, com a interrupção das demissões.

Fonte: Rede Brasil Atual

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, respondeu à nota de repúdio da Conselheira de Administração Representante dos Funcionários (Caref) do banco, Débora Fonseca, sobre declarações desastrosas de Novaes.

Na reposta à Caref, o presidente do BB disse apenas que a frase citada na reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, “proferida em um chat de economistas renomados, vazada de forma antiética e fora do contexto”. Em mensagem enviada a um grupo de WhatsApp, na quarta-feira (25), Novaes disse que a vida não tem “valor infinito” e que “muita bobagem é feita e dita, inclusive por economistas, por julgarem que a vida tem valor infinito. O vírus tem que ser balanceado com a atividade econômica”.

“Apesar de triste, é fundamental observar que Novaes não nega que tenha feito a afirmação. E, o presidente do banco dizer que a ‘vida não tem valor infinito’, é o mesmo que dizer que economia está acima da vida; é o mesmo que dizer ‘se infectem para criar anticorpos, e, se morrerem, não tem problema. O que não pode é a economia parar’”, criticou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga. “Um declaração como essa gera mais desespero, medo e insegurança nos funcionários, que continuam trabalhando e se expondo ao risco de contágio pelo novo coronavírus”, completou. “Imagina como fica a cabeça dos funcionários!”

Apesar de tentar se redimir de culpa, as declarações desastrosas de Novaes são famosas. Um dia antes de enviar a mensagem no chat, em uma entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico, Novaes ele já havia dito que as quarentenas contra a propagação do vírus causarão “depressão econômica com efeitos piores que os da epidemia”.

No dia 30 de março, foi a vez do jornal O Globo publicar declarações de Novaes, defendendo que a população seja infectada “o quanto antes” para “que a economia volte a funcionar”.

“É incrível! Será que todos os jornais tiraram do contexto as falas do Banco do Brasil?”, questiona Fukunaga.

Medidas contra a Covid-19

Em sua resposta à Caref, o presidente do BB busca se defender afirmando que o Banco do Brasil está implementando diversas medidas de prevenção à doença.

“Ele só não falou que as medidas forma implementadas pelo banco após reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários à Fenaban”, observou Débora Fonseca.

Débora destacou ainda o papel fundamental do movimento sindical bancário nas negociações com os bancos. “É importante que os trabalhadores busquem apoio dos seus sindicatos e seus representantes. Assim como é importante que as dúvidas e denúncias sejam encaminhadas à mesa de negociação, que tem obtido grandes avanços na preservação dos empregos, salários e da saúde dos funcionários”, concluiu a Caref.

CA está consciente de sugestões da Caref

Na nota de repúdio e pedido de esclarecimentos ao Conselho de Administração, Débora Fonseca também propôs uma série de medidas para mitigar os impactos econômicos e sociais da pandemia. As propostas incluem a discussão no âmbito do conselho de recursos para financiamento, refinanciamento e suspensão da cobrança de empréstimos por seis meses de bancos públicos.

Para Débora, o papel do CA é discutir propostas, a partir das quais, “é possível resguardar as Micro e Pequenas Empresas, Microempreendedores individuais e milhões de empregos, com a finalidade de protegermos a economia e prepará-la para sua recuperação, e não colocando em risco a vida das pessoas”, disse. “Pensar nesse papel é pensar no Banco Público atuante para o país e, principalmente, a serviço da sociedade brasileira. Somos fundamentais para recuperação econômica, e, diferente dos bancos privados, que somente olham para os lucros imediatos, nós podemos e devemos olhar para o país”, completou.

Fonte: Contraf-CUT

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), através da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal enviou um ofício ao banco reivindicando a jornada de trabalho e garantir o intervalo intrajornada.

O documento foi motivado pelas denúncias que os sindicatos de todo o Brasil estão recebendo denúncias de que os gestores demandam e marcam videoconferência a qualquer horário, sem resguardar os limites da jornada de trabalho e o intervalo para repouso e alimentação.

“É fundamental para a saúde física e mental dos empregados que a jornada de trabalho e o intervalo intrajornada sejam respeitados. Todos estamos passando por momento de muita pressão psicológica. A ansiedade pode diminuir a imunidade e consequentemente aumentar o adoecimento”, observou Fabiana Uehara Proscholdt, secretária da Cultura e representante da Contraf nas negociações com o banco.

“É importante que todos os gestores e empregados sejam orientados a respeitarem a jornada de trabalho, principalmente o intervalo para repouso e alimentação. Para isso, é importante dimensionar as demandas e reuniões, com observação aos limites de horário”, completou Fabiana.

Fonte: Contraf-CUT