Maio 22, 2025
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“A Telemedicina Cassi está neste momento com uma grande sobrecarga de atendimentos, muito provavelmente por ‘algum relaxamento’ coletivo nas festas de final de ano”. A afirmação, culpabilizando os associados pela pane no teleatendimento da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), é do diretor de Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento, Luiz Satoru, em comunicado publicado no dia 3 de janeiro.

Desde meados de dezembro, vem ocorrendo um aumento exponencial na procura dos associados pelos serviços de teleatendimento médico na Cassi. “Essa procura cada vez maior se deve a irresponsabilidade do BB ao convocar funcionários para o retorno ao trabalho presencial em meio a quarta onda da Covid-19 e da nova variante da Influenza (H3N2)”, pontua o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.

Associados relatam esperas que chegam a 9 e até mais de 12 horas pelo atendimento no sistema de telemedicina. “Essa espera exagerada nas filas compromete a qualidade e também do resultado financeiro da Cassi, uma vez que na área de Saúde a demora no atendimento provoca aumento dos custos”, analisa Claudio Said, ex-gerente executivo da Cassi. “A solução para este problema não é difícil. O teleatendimento é facilmente modulável e ajustável à demanda. Comparado com o atendimento presencial ele é bem mais barato e mais fácil de customizar”, completa.

Os representantes das trabalhadoras e dos trabalhadores do BB observam que a declaração de Satoru, de que o aumento da procura pelo teleatendimento seria fruto apenas do impacto das festas de fim de ano, revela o posicionamento negacionista da atual diretoria da Cassi, semelhante ao do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que tratou a pandemia com desdém desde seu início, demorando para articular a liberação de recursos à Saúde, o que levou às tristes cenas de falta de cilindros de oxigênio em várias partes do país, na demora para a compra de vacinas e, mais recentemente, na tentativa de impedir a vacinação de crianças e pré-adolescentes.

“O que estamos assistindo, agora, associados durante horas na fila de espera, é consequência de uma visão negacionista da direção da Cassi em relação ao verdadeiro cenário da pandemia, que se reflete na gestão da Caixa de Assistência com a contratação de uma única empresa para terceirizar o atendimento médico remoto, com o desmonte da Estratégia Saúde da Família e concentração das decisões apenas à gerência de Brasília, dificultando a tomada rápida de ações locais”, pondera Fukunaga.

O papel da telemedicina

Claudio Said explica que a telemedicina é uma ferramenta implementada em todo o mundo e tem contribuído positivamente para o atendimento aos associados da Cassi, especialmente diante da pandemia que afastou os pacientes dos consultórios médicos.

“É preciso, entretanto, esclarecer que o teleatendimento é um complemento ao atendimento presencial, não um substituto. Isto é, ele não pode substituir a rede credenciada, mas sim complementá-la. Seu papel essencial é o de orientar e direcionar o atendimento, tratando os casos de baixa complexidade e encaminhando para a rede credenciada os casos de média/alta complexidade”. Em outras palavras, o papel da telemedicina é facilitar o acesso aos serviços médicos da Cassi. “Sem cumprir essa função, a telemedicina perde totalmente a sua eficácia”, completa Said.

Procure o Sindicato

O movimento sindical reitera que continuará participando ativamente dos debates e das instâncias de decisão na Cassi, por meio da atuação de seus representantes no Conselho de Usuários e pede para que os associados que se sentirem prejudicados contatem as suas respectivas bases sindicais.

Fonte: Contraf-CUT

Pecuaristas realizaram churrascos em frente a agências do banco Bradesco em diversas cidades brasileiras, como forma de protesto contra um vídeo que sugeria a diminuição do consumo de carne, veiculado pela empresa no fim de 2021. As manifestações, ocorridas nesta segunda-feira 3, tiveram apoio de entidades do agronegócio.

O vídeo fazia parte de uma campanha do Bradesco que propunha iniciativas sustentáveis para neutralizar as emissões de carbono. Na peça, três mulheres citavam “duas atitudes simples” para reduzir impactos do efeito estufa: uma delas era comer pratos vegetarianos às segundas-feiras.

“A primeira é reduzir o nosso consumo de carne e aderir à Segunda Sem Carne”, diz uma das participantes da campanha. “A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa. Então, que tal se a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?”, completou. A segunda dica era a prática de compostagem de lixo.

O vídeo foi retirado do ar após críticas de pecuaristas. Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, chegou a chamar a peça do Bradesco de “propagandazinha ridícula”.

Protestos intitulados “Segunda Com Carne” foram convocados por organizações como o Sindicato Rural de Cuiabá, que publicou em 31 de dezembro uma nota de repúdio ao Bradesco assinada por entidades do Mato Grosso. No texto, a instituição classificou a peça do banco como “desinformação” e pediu “respeito à pecuária nacional e ao trabalho realizado pelos pecuaristas do estado”.

O Sindicato disse ainda que os modelos de produção da pecuária brasileira “utilizam práticas sustentáveis, pastagens produtivas e integrações para a criação de bovinos que contribuem positivamente para o balanço de carbono”.

Churrascos foram registrados nas redes sociais em cidades como Cuiabá (MT), Ribeirão Preto (SP), Birigui (SP), Araçatuba (SP), Presidente Prudente (SP), Goiânia (GO) e Rio Verde (GO).

No calçadão de Presidente Prudente, dois mil espetinhos foram distribuídos para os transeuntes. Em Goiânia, um dos participantes registrou em vídeo: “Tem churrasquinho de frango, tem de picanha, contrafilé, tem linguicinha, tem tudo”.

Figuras políticas manifestaram apoio ao movimento. O deputado estadual de São Paulo Frederico D’Ávila (PSL) escreveu em sua rede social: “Que o banco aprenda a não se intrometer nos nossos costumes e hábitos alimentares e a deixar de disseminar mentiras sobre o agro”.

Bradesco se retrata e diz que vídeo é descabido

Em nota nesta segunda-feira 3, o Bradesco disse apoiar o setor agropecuário e se disse “o maior banco privado do agronegócio há décadas”. O banco tem programas de incentivo especiais ao agronegócio e realiza promoções para a contratação de créditos a ruralistas.

“O Bradesco reitera seu apoio e crença irrestrita ao setor agropecuário. Há décadas é o maior banco privado do agronegócio. Foram a Pecplan e a Fundação Bradesco, com o apoio de seus técnicos, que implantaram e capacitaram milhares de agropecuaristas a fazer inseminação artificial. Com isso, contribuiu decisivamente para a pecuária alcançar o atual e reconhecido nível de excelência mundial”, diz o posicionamento oficial.

Em 24 de dezembro, o Bradesco enviou uma “carta aberta ao agronegócio brasileiro” em que chamou de “descabida” a sugestão das mulheres que participaram do vídeo veiculado pelo banco.

“Lamentavelmente vimos uma posição descabida de influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina, associadas à nossa marca”, declarou a empresa. “Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo de carne bovina.

Pecuária gera graves efeitos ambientais

Conforme mostrou CartaCapital, em artigo dos jornalistas Glenn Greenwald e Vivian Mocelin, a pecuária sozinha é responsável por 80% da devastação da Amazônia, segundo dados do Atlas Florestal Global da Universidade de Yale. São cerca de 85 milhões de bois que habitam a região, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O artigo mostra ainda que a criação de animais para consumo alimentar totaliza 14,5% das emissões de CO2 globais causadas pela atividade humana, com base em informações de um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a FAO.

No Brasil, 72% do total de emissões estão associadas a atividades do setor agropecuário. Só o setor de proteína animal gera 28% dos gases de efeito estufa emitidos no País. Outros 44% se devem a mudanças no uso do solo encabeçadas pela derrubada de floresta amazônica para abertura de pastagens, conforme apontam dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima.

Fonte: Carta Capital

 

Em um momento em que os casos de contaminação pelo coronavírus aumentam entre os funcionários do Banco do Brasil, o movimento sindical foi surpreendido, nesta terça-feira 4, com uma situação absurda: a direção da empresa alterou unilateralmente os protocolos de segurança contra a Covid-19 inscritos no manual para o trabalho presencial.

As alterações foram feitas ignorando compromissos da empresa registrados em acordo junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no âmbito federal.

Diante da medida, o movimento sindical irá buscar as medidas judiciais cabíveis a fim de garantir os trabalhadores em segurança, através do trabalho remoto.

A mudança mais acintosa ocorre por ocasião da denúncia publicada pelo Sindicato de São Paulo, Osasco e região contra os desmandos da Diretoria de Operações, liderada pelo diretor João Frescura, conhecido como Piti.

O gestor se recusa a encerrar o expediente das suas unidades subordinadas e a dispensar os funcionários com abono das horas restantes, para fins de higienização da dependência e visando o bem-estar mental, físico e social dos funcionários, conforme preconizado nos protocolos até então, quando o colega contaminado estivesse na dependência nas últimas 72 horas. O banco excluiu unilateralmente este trecho do protocolo.

“A situação é mais impressionante tendo em vista que os casos de contaminação estão proliferando dentro da empresa numa velocidade extrema, jamais vista em outros momentos”, avalia Getúlio Maciel, representante da Comissão de Empresas dos Funcionários do BB pela Fetec-CUT-SP.

“Ou seja, a direção do banco permite que a dependência funcione mesmo quando o funcionário contaminado já teve contato com vários colegas, aumentando a possibilidade de transmissão do coronavírus, ao invés de efetuar o devido cuidado com a dispensa dos funcionários e a devida higienização do ambiente. Isso é um grande disparate!”, protesta o dirigente.

A Diretoria de Gestão de Pessoas já havia informado a Contraf-CUT e a Coordenação da Comissão de Empresa que, mediante a denúncia recente, não poderia cumprir essa parte do protocolo, que se destinava apenas a agências pequenas, ao invés de grandes departamentos.

Essas medidas de segurança, contudo, foram amplamente discutidas com o movimento sindical no início de novembro, durante as tratativas para a volta gradual do trabalho presencial, e foram chanceladas junto ao MPT.

“O espanto com essa decisão, além do desrespeito ao acordado com as representações sindicais, é que ela vem no momento mais inoportuno possível, com aumento de contaminações dentro do banco, inclusive com sobrecarga na telemedicina da Cassi, cujo atendimento tem durado entre 7 a 8 horas, estimulando a desistência e a procura pelo atendimento presencial, e obrigando os funcionários a pagarem do próprio bolso os exames”, enfatiza João Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e Secretário de Administração e Organização do Sindicato.

“Para os membros da Comissão de Empresa, esse é o baixo nível não desejado com o qual o atual corpo diretivo do BB, alinhado à política negacionista do governo Bolsonaro na gestão Paulo Guedes, lida com a pandemia de Covid-19, a ponto de colocar em risco a vida dos funcionários que constroem diariamente o resultado no BB”, afirma Fukunaga.

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo

Os candidatos à presidência nas eleições deste ano precisam colocar em pauta o fim da flexibilizações de direitos e a revogação da reforma trabalhista. Para especialistas, a Espanha, que foi modelo para criação da nova legislação em 2017, precisa também ser exemplo para a derrubada da atual política. Na última terça-feira (4), o parlamento espanhol revogou efeitos nocivos das novas trabalhistas aprovadas em 2012.

Em 2017, o então presidente Michel Temer (MDB) promulgou uma reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), conjunto de alterações nos dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O projeto ampliou a precarização do emprego, não criou postos de trabalho, reduziu a renda do trabalhador e prejudicou negociações coletivas e entidades sindicais.

Para a diretora ajunta do Diesse Patrícia Pelatieri, a revogação da reforma trabalhista da Espanha é uma “boa notícia para os trabalhadores brasileiros”, mostrando que há a possibilidade recuperar parte dos direitos perdidos. Patricia explica que o projeto aprovado no Brasil apenas rebaixou salários no Brasil, que nunca foram elevados. “Somos um país de baixa renda e péssima distribuição. Se você empobrece a população, também empobrece a economia. Então, o empresariado que defendeu a reforma foi muito burro, ainda mais aqueles que defendem o aprofundamento dessa flexibilização”, afirmou ela, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da RBA.

Recuperação de direitos

Entre as principais alterações na legislação brasileira estão a criação do contrato intermitente, a introdução da ideia de negociado prevalecendo sobre o legislado, a ampliação da jornada de trabalho parcial, a ampliação da terceirização. Para a diretora do Dieese, ainda vai demorar muito para ser retomado o que foi perdido, por isso “é preciso começarmos esse resgate o quanto antes”.

À Rádio Brasil Atual, o ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social, Luiz Marinho (PT), acrescentou que a retomada dos direitos precisa ser uma bandeira da próxima eleição presidencial. “A política de precarização feita a partir do golpe de 2016 agravou o problema do desemprego e do subemprego. Em 2022, temos a possibilidade democrática de fazer a escolha correta e podermos voltar a sonhar, gradativamente, com o pleno emprego”, afirmou.

Ainda ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamou a atenção para o processo de revogação na Espanha. E sinalizou que esse pode ser um projeto apresentado em sua futura candidatura. “É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sánchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, tuitou.

Na avaliação de Luiz Marinho, a revogação da nova legislação trabalhista brasileira precisa ser compromisso do campo progressista. “Lula está sinalizando que essa deverá uma das saídas para o momento do Brasil. É plenamente possível resgatar direitos e reverter a reforma trabalhista, sem precisar voltar ao que era no passado e garantindo direitos”, acrescentou. 

Mudança na Espanha

Depois de aprovada pelo conselho de ministros no último dia 28, o projeto que revoga a reforma trabalhista na Espanha foi publicado no Boletim Oficial do Estado (o Diário Oficial) em 30 de dezembro. Mas ainda precisa ser ratificado pelo Parlamento. A Câmara da Espanha tem 350 deputados, 155 são do Psoe e Podemos. Assim, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez (Psoe) trabalha por pelo menos mais 20 votos. Já no Senado, das 265 cadeiras, 115 estão com os dois partidos de esquerda – portanto, são necessários mais 18 votos também entre os senadores.

O prazo para votação vai até 30 de janeiro, mas o governo acredita na aprovação. Isso porque as partes envolvidas na construção da nova lei trabalhista – entidades empresariais e sindicais – têm elevada credibilidade e influência junto à opinião pública.

Patrícia Pelatieri lembra que um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstrou o fracasso da reforma trabalhista no país europeu. “Durante cinco anos, nada do prometido se cumpriu. Ali mostrava o quanto foi danosa para os trabalhadores e também para o país, prejudicando o próprio desenvolvimento da Espanha”, alertou Patricia. Ela observa que a análise da OIT já era pública em 2017, enquanto o Brasil discutia uma legislação igual. Mesmo assim o Congresso aprovou.

Luiz Marinho destaca a importância de a população engajar-se na eleição legislativa para dar sustentação à revogação da reforma trabalhista. “A eleição parlamentar é muito importante e determinante para desenvolver as políticas. Durante o governo Lula, muito temas não foram pra frente pela falta dessa maioria, como a mudança no imposto de renda”, finalizou.

Fonte: Rede Brasil Atual

Mobilização de trabalhadoras e trabalhadores e do Sindicato dos Bancários de Criciúma resultou na aprovação de uma lei que desmonta a estratégia dos bancos privados de retirarem as portas giratórias de proteção à segurança dos clientes e bancários na Câmara dos Vereadores de Forquilhinha, sul de Santa Catarina. O Bradesco está usando a manobra de transformar as agências em “unidades de negócio” para justificar a retirada de portas eletrônicas e, até mesmo, de vigilantes.

De autoria do vereador Célio Elias (PT), o Projeto de Lei (PL) nº 28/2021 foi aprovado no dia 27 de dezembro, última sessão de 2021, alterando o Artigo 1º da lei 403/1997, passando a ter a seguinte redação: “É obrigatória, nas agências, cooperativas de crédito, postos de serviços, unidades de negócio e demais estabelecimentos bancários em funcionamento no município, a instalação de porta eletrônica de segurança individualizada em todos os acessos destinados ao público.”

Para o diretor do Sindicato e funcionário do Bradesco, Magno Branco Pacheco, a aprovação do PL representa uma significativa vitória dos trabalhadores bancários na luta contra os abusos constantemente praticados pelos bancos, a exemplo do Bradesco. “Agora nós ganhamos força para buscarmos as alterações junto aos vereadores dos outros municípios da nossa base”, completou o dirigente.

Fonte: Contraf-CUT

A Espanha começa 2022 com nova legislação, que revoga os efeitos nocivos da reforma trabalhista de 2012. A mudança faz parte de negociação que envolveu empresas, sindicatos e partidos que compõem a coalização que dá suporte ao Partido Socialista Espanhol (Psoe).

Depois de aprovado pelo conselho de ministros na última terça-feira (28), o projeto foi convertido em “real decreto-lei” – um espécie de medida provisória, que coloca as regras em vigor até que sejam ratificadas pelo Legislativo.

Essa nova reforma trabalhista na Espanha, agora com objetivo de resgatar direitos, é parte do acordo entre o partido do governo e o Podemos, partido mais à esquerda. O acordo ajudou a formar a maioria necessária ao Psoe para indicar o primeiro-ministro Pedro Sánchez, após a eleição de abril de 2019.

::Reforma trabalhista reduziu renda, não gerou emprego e precarizou trabalho::

A reforma trabalhista da Espanha de uma década atrás foi uma das “inspiradoras” da “reforma” feita no Brasil em 2017, sob o governo de Michel Temer. Lá como aqui, o pretexto de baratear as contratações para se criarem mais empregos fracassou. Isso porque, a principal consequência foi a precarização do trabalho e a criação de vagas mal remuneradas, com menos direitos e condições ruins de trabalho.

Dez anos depois, a Espanha volta atrás. O decreto de 30 de dezembro atende ainda a um compromisso do primeiro-ministro Pedro Sánchez com a Comissão Europeia, para garantir a próxima parcela de fundos da União Europeia. Atualmente, o país conta com taxa de desemprego de 14,5%, uma das mais altas do bloco econômico.

Trabalho temporário e terceirizações

O principal objetivo da nova reforma espanhola é acabar com abuso de contratações temporárias, que hoje responde por mais de um quarto das ocupações no país. A ideia é estimular a contratação por prazo indeterminado, que dão mais segurança aos trabalhadores e, portanto, à economia. Além disso, a nova regra extingue a chamada contratação “por obra ou serviço”, equivalente ao “trabalho intermitente” da reforma de Temer.

::Quatro anos de "reforma" trabalhista: da perda de rumo do crescimento aos excluídos sociais::

Os prazos de contratações temporárias passam a ser limitados a seis meses, podendo chegar a um ano, caso haja autorização em negociação coletiva. Em situações temporalmente previstas – como datas festivas ou atividades agrícolas – o período máximo é de 90 dias.

Outro aspecto importante da nova lei é o de tentar coibir as terceirizações. Com isso, trabalhadores contratados por meio de empresas de terceirização terão obrigatoriamente de receber salários iguais aos dos empregados diretos. Por exemplo, no setor financeiro, um terceirizado deverá receber conforme a convenção coletiva firmada entre bancos e os sindicatos de bancários.

::Desemprego e juros abusivos endividam quase metade dos trabalhadores brasileiros::

O decreto-lei de proíbe ainda demissões de funcionários por motivos econômicos e institui de forma permanente o Expediente de Regulação do Trabalho Temporário. A medida foi criada durante a pandemia para evitar que trabalhadores percam o salário e o emprego devido à suspensão da atividade nas suas empresas.

Negociações coletivas

A reforma espanhola pretende reequilibrar os parâmetros de negociação coletiva, revogando a limitação de ultratividade – a perda de vigência de um acordo coletivo quando expira seu prazo de validade. A medida dificultava as negociações entre empresas e sindicatos. E agora, então, o novo texto estende a vigência dos acordos coletivos, até a conclusão de nova negociação.

::Coluna | A reforma trabalhista não era para reduzir a informalidade?::

Por outro lado, há extensão de regras então criadas para auxiliar empresas afetadas pela covid-19. Em situações críticas, causadas por crises macroeconômicas, se permitirá redução de obrigações previdenciárias. Também poderão se socorrer de mecanismos de flexibilização, com facilitações de folgas compensatórias.

Fonte: Brasil de Fato Com informação do site Revisão Trabalhista.

Em um ano em que as consequências da pandemia de covid-19 levaram para a pobreza extrema milhões de pessoas em todo o mundo, bilionários obtiveram ganhos extraordinários, potencializados justamente por medidas adotadas para amenizar o impacto da crise.

Segundo a agência Bloomberg, a soma da fortuna das 500 pessoas mais ricas do mundo aumentou em mais de US$ 1 trilhão (R$ 5,57 trilhões) em 2021, ultrapassando US$ 8,4 trilhões (R$ 46,9 trilhões), mais do que o PIB individual de todos os países, exceto China e Estados Unidos.

Dez fortunas superam a marca de US$ 100 bilhões (R$ 557,9 bilhões), ficando quase US$ 386 bilhões (R$ 2,15 trilhões) mais rica. Mais de 200 patrimônios passam de US$ 10 bilhões (R$ 55,8 bilhões), algo inédito na história, segundo a agência.

No topo das maiores fortunas está Elon Musk, que ficou US$ 114 bilhões mais rico, totalizando US$ 270 bilhões. O ganho anual superou os 70% para o fundador da SpaceX e presidente da fábrica de carros elétricos Tesla. O fundador da Amazon, Jeff Bezos, segundo maior bilionário, ganhou mais US$ 2 bilhões. Virou o ano com US$ 192 bilhões.

Bilionários mais ricos

O presidente do grupo Louis Vuitton, Bernard Arnault, possui US$ 178 bilhões. Desse total, US$ 66,6 bilhões foram juntados em 2021, tornando Arnault o terceiro mais rico do planeta. Bill Gates, da Microsoft, encerrou o ano na quarta colocação, com US$ 138 bilhões, US$ 6,4 bilhões a mais do que em 2020. Larry Page, cofundador do Google, atingiu a fortuna de US$ 128 bilhões ao ganhar US$ 46 bilhões. Sexto maior bilionário da atualidade, Mark Zuckerberg enriqueceu US$ 22 bilhões. O cofundador do Facebook fechou 2021 com US$ 125 bilhões.

Brasileiro mais bem colocado no ranking, Jorge Paulo Lemann perdeu US$ 2,3 bilhões. O empresário do ramo de alimentos ficou em 82º lugar, com um total de US$ 21,5 bilhões.

Segundo a Bloomberg, estímulos criados pelo Federal Reserve, o banco central americano, ajudaram o mercado de ações dos Estados Unidos a entregar ganhos recordes neste ano. Situações semelhantes ocorreram na União Europeia e no Reino Unido, o que explica parte considerável do crescimento das fortunas.

Bilionários chineses, no entanto, tiveram seu pior ano desde que a agência começou a monitorar riquezas, em 2012. As perdas superaram US$ 61 bilhões. Pequim centrou esforços para avançar na sua política de prosperidade, enquanto passou a regular mais severamente setores endividados. O empresário Hui Ka Yan, do Grupo Evergrande, que foi mais rico da China, teve seu patrimônio líquido reduzido US$ 17 bilhões em 2021. O magnata do ramo imobiliário foi pressionado pelo governo a usar sua riqueza pessoal para saldar dívidas da companhia.

Fonte: Rede Brasil Atual

“Subestimamos esse vírus”, avalia a ONU sobre o combate à covid-19. “Onde erramos e o que podemos fazer para acertar daqui para frente?” Essa questão norteia as atividades da entidade e de sua subsidiária Organização Mundial da Saúde (OMS). A Agência UN News, da ONU, elaborou uma retrospectiva com os fracassos globais durante o último ano. Além de mortes evitáveis, o mundo enfrenta uma dificultade extrema diante da desigualdade vacinal. O mundo capitalista não divide vacinas. Enquanto sobram vacinas na Europa, a África sequer conseguiu imunizar 5% de sua população total.

Um dos resultados disso é o surgimento de novas variantes do vírus que impactam em todo o mundo. Além do fracasso moral da humanidade. “É profundamente injusto que a maioria dos africanos vulneráveis sejam forçados a esperar por vacinas enquanto a segurança de grupos não prioritários é garantida nos países ricos”, condenou o chefe da OMS na África, Matshidiso Moeti. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também criticou inúmeras vezes o egoísmo e o mercantilismo vacinal, que chama de “vacionalismo”.

“A OMS profeticamente alertou que quanto mais tempo a humanidade leva para suprimir a propagação da Covid-19, maior é o risco de surgimento de novas variantes resistentes às vacinas disponíveis. Tedros descreveu o cenário de distribuição desigual como um ‘fracasso moral catastrófico‘, e acrescentou que ‘o preço desse fracasso será pago com vidas e meios de subsistência nos países mais pobres'”, afirma a UN News.

Previsões ignoradas

Ainda em julho, quando a variante delta passava por um período de arrefecimento, a OMS insistiu na necessidade de vacinar países mais pobres. Em novembro, já eram 5 milhões de mortos. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, culpou a desigualdade vacinal. “O cenário global de acesso às vacinas é considerado inaceitável (…) Desafios atuais incluem as proibições de exportação, a priorização de acordos bilaterais por fabricantes e países, o contínuo aumento da produção por alguns fabricantes importantes e atrasos no pedido de aprovação regulatória. O apelo feito aos doadores e farmacêuticas é que se empenhem novamente em fornecer seu apoio e evitem mais atrasos no acesso equitativo, garantindo a transparência nos planos acordados para permitir que as nações planejem com antecedência”, disse.

De acordo com a OMS, “apenas 20% de habitantes de países de renda baixa e média-baixa receberam a primeira dose, em comparação com 80% nos países de rendas alta e média-alta”. Já o consórcio Covax Facility, liderado pela OMS, que buscou apoio global para vacinar países pobres, não atingiu seu objetivo de 2 bilhões de doses. “Em um comunicado conjunto, as entidades que lideram a Covax pedem aos países ricos que compartilhem um maior número de doses. O grupo justifica o corte da meta do mecanismo para 1,425 bilhão de doses por fatores como restrições à exportação do Serum Institute da Índia, SII, tido como um importante fornecedor”, informou a entidade.

Fonte: Rede Brasil Atual

As enchentes que atingiram a região Sul da Bahia e já deixaram um rastro de ao menos 629 mil pessoas afetadas estimularam também uma corrente de solidariedade e apoio às vítimas. Diferentes organizações civis, igrejas, prefeituras e outros atores se mobilizam desde os últimos dias para levar água, mantimentos e outros donativos para as famílias.

O estado tem nesta quinta (30) um total de 24 mortos e 91.258 pessoas que estão desabrigadas ou desalojadas por conta das enxurradas que atingiram várias cidades. Ao todo, 136 municípios estão em situação de emergência. Veja abaixo alguns exemplos de canais pelos quais é possível prestar ajuda às pessoas afetadas.  

::Entenda o que está causando as chuvas que deixaram o sul da Bahia embaixo d'água::

Corpo de Bombeiros

A corporação está recebendo doações em todos os quartéis do estado e tem alertado os seguidores nas redes sociais de que não recebe pix ou transferências bancárias, limitando-se a donativos como alimentos, água potável e afins. A instituição divulga diariamente informações por meio do perfil oficial no Instagram: https://www.instagram.com/cbmba193/ .  

MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) na Bahia tem articulado doações de alimentos nos seus assentamentos em diferentes lugares do estado e recebe mantimentos também da população em geral interessada em participar da campanha, que distribuiu 1.200 marmitas somente nesta terça-feira (28).

“O conjunto da nossa militância tem feito o esforço de cumprir esse papel, que é muito importante neste momento difícil pra população baiana. As chuvas mais recentes começaram agora, e a perspectiva é de que esses problemas também continuem porque muitas pessoas ainda não conseguem voltar pra casa, já que a água não baixou. É preciso seguirmos com essas ações de solidariedade”, afirma Evanildo Costa, da direção nacional do MST na Bahia.


Enxurrada alagou cidades, destruiu casas e deixou 136 municípios em situação de emergência / Manuella Luana/AFP

Os produtos são encaminhados para pessoas atingidas pelas enchentes nas regiões Chapada, Baixo Sul, Sul, Sudoeste e Extremo Sul da Bahia. O MST recebe também doações em dinheiro por meio do pix Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. , cuja conta está em nome de Carlos Eduardo de Souza Pereira.

Os pontos de apoio da entidade também recebem, além de alimentos, colchões, cobertores e roupas. O telefone disponibilizado pela organização para obter mais informações é o (61) 99665.0113.

Prefeitura de Itabuna

A Prefeitura de Itabuna, uma das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas e onde o rio Cachoeira chegou a transbordar, recebe doações em dinheiro por meio da conta corrente da Defesa Civil local. Os interessados em fazer transferência devem dirigir os valores para: agência 0070-1, C/C 131.740-7.

As chaves do pix são o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e o CNPJ 14.147.490/0001-68. Mais informações são divulgadas pela conta do município no Instagram: https://www.instagram.com/prefeitura.itabuna/  

Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA)

O grupo Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA) promove, desde o último domingo (26), uma campanha para arrecadar gêneros não perecíveis, água, materiais de higiene e limpeza, além de roupas. As doações devem ser entregues na sede da VSBA, no Palácio da Aclamação, no bairro de Campo Grande, Salvador. O horário de atendimento ao público vai das 8 horas às 20 horas.

OAB-BA

A Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) também disponibilizou a própria sede para o recebimento de produtos a serem destinados às famílias afetadas. Podem ser doados alimentos, água mineral, produtos de higiene e limpeza. A instituição fica na Rua Portão da Piedade, 16, no bairro Dois de Julho, em Salvador.

Cufa, Frente Nacional Antirracista e Band

A Central Única das Favelas (Cufa) se juntou à Frente Nacional Antirracista e ao grupo Bandeirantes em uma mobilização que arrecada dinheiro para comprar alimentos, itens de higiene e outros produtos que possam ser úteis para as vítimas das enchentes.

Os interessados podem doar por meio do pix Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo site maesdafavela.com.br/doar

Defesa Civil do DF

Há também pontos de doações em outros estados. Em Brasília (DF), por exemplo, a Defesa Civil do Distrito Federal (DF) está mobilizada em uma campanha que recebe alimentos, cobertores, vestimentas, água e produtos de higiene pessoal e limpeza. O movimento começou nesta terça (28).

Os interessados em contribuir podem deixar os produtos em qualquer unidade das Polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros ou na sede da Defesa Civil, situada no trecho 6 do Setor de Indústria e Abastecimento (SAI).

Campanha #SOS Quilombos

Em monitoramento, a Associação Nacional de Quilombos para Cooperação - Negra Anastácia detectou comunidades quilombolas afetadas pelas chuvas nos estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. 

Para contribuir na campanha de doações voltadas a esses quilombos, o pix da Associação é CNPJ: 27 101 102 0001 50.

Fonte: Brasil de Fato

A proposta de Orçamento da União prevê o valor de R$ 1.210 para o salário mínimo a partir de janeiro de 2022. O valor inclui um reajuste de pouco mais de 10%, baseado no índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a inflação oficial estimada para todo este ano. Acontece que o INPC só será conhecido em 11 de janeiro, o que pode implicar em algum pequeno desvio decimal entre o previsto e o consolidado. O que importa , porém, é que, pelo terceiro ano consecutivo, o salário mínimo não terá aumento real. E como as previsões de inflação do governo não têm batido com a realidade, o piso nacional corre o risco de ficar até abaixo da inflação.

Para se ter ideia da importância desse mecanismo de recomposição da renda, é preciso saber o que a lei define como salário mínimo. A Constituição Federal de 1988, no capítulo dos Direitos Sociais, define que o salário mínimo deve cobrir todas as necessidades do trabalhador e de sua família, deve ser unificado em todo o território nacional e ser reajustado periodicamente para garantir seu poder aquisitivo. (Para conhecer melhor essa história visite a página do Dieese.)

Custa a subir, cai rapidamente

Mas, entre os anos 1970 e 1990, a inflação devorou o poder de compra do salário mínimo, dificultando que esse papel constitucional fosse cumprido. Para que isso um dia venha a se concretizar, é preciso promover gradualmente, a cada ano, aumentos reais (acima da inflação). Era o que vinha ocorrendo desde 2003 (primeiro ano do governo Lula) até 2019 (primeiro ano do governo Bolsonaro).

Preço da cesta básica sobe em todo o país e custa quase 60% de um salário mínimo

Nesse período, uma política de valorização do salário mínimo conseguiu assegurar ganhos de 78% acima da inflação. De acordo com o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, ex-diretor técnico do Dieese, isso representou a entrada de R$ 250 bilhões ao ano na economia brasileira. Ou seja: esse montante entrava no bolso dos trabalhadores, e se transformava em consumo das famílias. Por sua vez, esses recursos abasteciam o comércio, mantinham as encomendas da indústria e do agronegócio – todos criavam empregos – e faziam a roda da economia girar.

Por exemplo, em janeiro de 2003, uma pessoa que recebia o piso nacional precisava trabalhar sete meses para alcançar o valor que a Constituição considerava necessário para um mês. Em janeiro de 2015, último ano em que a lei de valorização do salário mínimo foi renovada até 2019, esse esforço havia caído para quatro meses.

Enfim, o Brasil caminhava, ainda que lentamente, para fazer valer a lei. Mas, com o fim da política de valorização, voltou a andar para trás. Atualmente, o salário mínimo necessário é quase seis vezes maior do que o valor realmente pago.

Fica para o próximo

Segundo Clemente Ganz Lúcio, esse retrocesso no salário mínimo é um mau presságio para a economia do país em 2022. “A falta de valorização é uma ausência importante na economia. Isso explica em parte a queda da massa salarial. Nós deixamos de ter essa inversão de ânimo econômico e poder de compra da base salarial”, afirma.

Ganz Lúcio, que é assessor do Fórum das Centrais Sindicais, informa que a revisão dessa política para o salário mínimo é um dos principais pontos da agenda sindical no início de 2022. “Não é por outro motivo que a agenda das centrais sindicais, a ser apresentada em maio aos candidatos a cargos eletivos nas eleições do próximo ano, defenderá a retomada de uma política de valorização do salário mínimo”, disse em entrevista a Glauco Faria na Rádio Brasil Atual.

A queda na renda nacional, além de um drama para quem vê o dinheiro ficar cada mês mais curto, é um dos principais entraves para a retomada do crescimento econômico. Basta se observar a relação entre os indicadores de emprego e renda divulgados ontem (28) pelo IBGE.

Renda mais baixa desde 2012

“Para se ter ideia, vejamos esses últimos 12 meses (de outubro de 2020 e deste ano). Apesar dos 10 mil postos de trabalho fechados no ano passado, da pandemia, de lá cá 8,7 milhões foram repostos. É uma quantidade expressiva, mas, por incrível que pareça, esse contingente a mais não foi capaz de elevar a massa salarial, a soma de todos os salários na economia.” Clemente se refere aos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, a Pnad Contínua, que revelou ter ocorrido queda de 11,1% na renda média dos ocupados, embora a taxa de desemprego tenha caído alguns pontos. “Portanto, mesmo com 8,7 milhões a mais trabalhando, a massa salarial caiu. Isso significa que houve um brutal arrocho, que está refletido na menor média de remuneração desde 2012.”

De acordo com o sociólogo, esses resultados da Pnad mostram uma pequena retomada de postos de trabalho fechados durante a crise agravada pela pandemia da covid-19. “Mas ainda estamos em patamares inferiores à situação de antes da crise. Ou seja, essa dinâmica de reposição não é positiva nem virtuosa. Predomina na recuperação o surgimento de postos de trabalho precários, sem carteira e autônomos sem CNPJ nem proteção social”, explica. “A criação de postos de trabalho com carteira assinada é tímida.”

Além disso, boa parte das vagas criadas nesse período, sobretudo nos setores de comércio e serviços, tendem a fechar novamente em janeiro. Assim, os indicadores dos próximos meses devem refletir a redução dessas ocupações após o ligeiro aquecimento sazonal de final de ano.

Maus empregos, economia travada

“E esse mundo do trabalho mais precarizado está refletido na renda. Estamos com o menor nível salarial desde que essa pesquisa começou, justamente por causa da predominância desse tipo de ocupação que vem surgindo. O que se observa são postos de trabalho frágeis, com remuneração muito baixa. E, além disso, corroídas por uma inflação mais elevada”, observa o sociólogo.

A massa salarial é importante de ser observada porque representa o poder de compra da economia. “Mais de 60% da nossa capacidade de recuperação e sustentação econômica vem da renda das famílias”, afirma Ganz Lúcio. Ou seja, se a economia coloca pessoas no mercado e não é capaz de aumentar a capacidade de consumo das famílias, patina. “Não há como sustentar um crescimento econômico. E isso é o que está indicado para 2022, um mundo do trabalho muito precário, com baixa capacidade de geração de empregos. E continuando a conviver com esses números: quase 13 milhões de desempregados, quase 30 milhões de subocupados, fora o desalento ou a informalidade.”

salário mínimo 2022
Ex-diretor técnico do Dieese e assessor do Fórum das Centrais Sindicais falou com a Rádio Brasil Atual

O ex-diretor do Dieese reforça que as empresas produzem quando observam que a economia aumenta os postos de trabalho, os salários e, portanto, o poder de consumo de toda a sociedade. “Desse modo, as empresas produzem para uma sociedade que tem capacidade de absorver novas demandas. Se isso não acontece, a economia não tem crescimento mais duradouro, porque dependerá quase que exclusivamente de sua capacidade de exportação. Não aumentando o poder de compra de toda a sociedade não se anima o setor produtivo”, ele explica. Por isso, não é nada boa a perspectiva de enfrentamento desses problemas para 2022.

Fonte: Rede Brasil Atual