Maio 10, 2025
Slider
Imprensa

Imprensa

Mobilização defende o banco 100% público e melhores condições de trabalho

Os trabalhadores da Caixa Econômica Federal seguem com as mobilizações semanais contra o desmonte do banco público e por melhores condições de trabalho. Nesta quarta-feira (13), os empregados da Caixa irão paralisar as agências e atos ocorreram em todo o país.

O objetivo das manifestações é alertar a população sobre o processo de desmonte da empresa. Durante negociação, ocorrida na terça-feira (15/8), representantes do banco anunciaram que 100 agências seriam reavaliadas e poderiam ser fechadas ou fundidas com outras unidades, dependendo do seu desempenho, principalmente o financeiro.

Dias depois, os bancários foram surpreendidos com o fechamento de importantes pontos de atendimento à população.  “Nos posicionamos contrários ao fechamento de unidades e reforçamos que a Caixa é um banco que deve manter sua presença em todo o país, que isso faz parte de sua função social. Vamos alertar os brasileiros de que o banco público, responsável por cerca de 70% do crédito imobiliário e por programas sociais fundamentais para o país, está sendo desmontado por este governo”, destaca Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa).

A orientação, aprovada em reunião de planejamento da CEE, realizada na quarta-feira (16/8), na sede da Fenae em Brasília, é que sindicatos e federações promovam atos públicos nas unidades, reuniões nos locais de trabalho, audiências públicas, entres outras iniciativas, para chamar atenção da sociedade para a política do governo que visa o enxugamento da Caixa e a redução do seu papel social.

O projeto de lei que prevê demissão de concursados por desempenho pode ser votado nesta quarta-feira, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), do Senado. O texto, da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), dispõe sobre a avaliação anual dos servidores públicos da União, Estados e Municípios, e sobre exoneração por insuficiência de desempenho. Ele tem voto favorável do relator, senador Lasier Martins (PSD-RS), na forma de substitutivo. Depois de passar pela CCJ, a proposta seguirá para o Plenário do Senado.

 Caso o projeto se torne lei, seus comandos começam a valer de imediato. O primeiro período de avaliação só será iniciado no dia 1º de maio do ano seguinte ao começo da vigência da norma.

Fonte: Contraf-CUT, com Agência Senado

PAC 3: agora ou nunca

Setembro 12, 2017

Os participantes assistidos do PAC 3 podem alterar o indexador da TR para o IPCA até o dia 26 de setembro. As alterações, que tratam do reajuste dos benefícios pagos aos aposentados, foram aprovadas pela Superintendência Nacional da Previdência Complementar (Previc) e publicadas no Diário oficial da União, no dia 30 de março.

As alterações regulamentares do PAC foram submetidas a avaliação do comitê do plano e aprovados pelo conselho deliberativo, baseando-se em estudos realizados pela diretoria e na nota número 2/2015 Ditec/Previc, publicada pela Previc, a respeito da forma de atualização de benefícios estruturados na modalidade BD, cuja aplicabilidade foi suspensa pela própria Previc.

Os reajustes anuais continuarão sendo efetuados em 1º de julho de cada ano, com base na variação aos últimos doze meses da seguinte forma: participantes inscritos a partir de 11 de novembro de 1980 – PAC 3 aposentados e elegíveis até a data da aprovação das mudanças regulamentares deverão optar entre a atual forma de indexação (Taxa Referencial - TR) ou aplicação do IPCA/IBGE.

“O PAC 3 tem a característica limitativa de pagar complementação até o teto do INSS, além disto, permanece praticamente congelado. O participante deve migrar para o INPC para garantir e valorizar sua reserva”, afirma Erica Godoy, dirigente da Fetec/CUT-SP e Conselheira deliberativa da Fundação Itaú Unibanco.

Para os participantes que optarem pela troca o pagamento será aplicado com reajuste retroativo a julho de 2016. Para os participantes do PAC 3 ativos e não elegíveis a troca será automática.

A adesão deverá ser feita pelo telefone da Fundação 4002-1299.

“Sempre foi uma luta do movimento sindical resistir ao arrocho. É nossa obrigação orientar os participantes”, conclui Erica Godoy.

PLANO PAC ÍNDICE DE REAJUSTE PARA JULHO DE 2017

TR TAXA REFERENCIAL
    

IPCA/IBGE(SOMENTE PARA AQUELES QUE OPTAREM PELA TROCA DO INDEXADOR )

1,5547%
    

2,9986%

 

Fonte: Seeb São Paulo

Banco atende solicitação da Contraf-CUT, federações e sindicatos

O Santander pagará na quarta-feira (20) a primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A instituição financeira atendeu a reivindicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), federações e sindicatos, encaminhada a todos os bancos, para a antecipação do valor, definido de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), válida para o período 2016/2018

O pagamento da PLR corresponde a 54% do salário mais o valor de R$ 1.346,15. A parcela adicional é de R$ 2.243,58.  A segunda parcela da PLR deve ser paga até março de 2018.

Fonte: Contraf-CUT

Instituição financeira atende à solicitação da Contraf-CUT, federações e sindicatos

O Bradesco pagará na próxima sexta (15) a antecipação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). “A instituição financeira atende à solicitação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) , encaminhada a todos os bancos, para a antecipação do valor, definido de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), válida para o período 2016/2018”, afirma Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT.

A antecipação da PLR corresponde a 54% do salário mais o valor de R$ 1.346,15. A parcela adicional é de R$ 2.243,58.

Fonte: Contraf-CUT

A Contraf-CUT repudia veementemente o cancelamento da exposição "Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", que estava em cartaz desde 15 de agosto no Santander Cultural, em Porto Alegre, após protestos em redes sociais liderados, principalmente, pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e por religiosos. A mostra ficaria em cartaz até 8 de outubro, com 270 obras relacionadas a questões de gênero, de 85 artistas, como Adriana Varejão, Cândido Portinari e Ligia Clark.

Para Mauro Salles Machado, secretário de Políticas Sociais da Contraf-CUT, o fechamento da exposição é um ato de intolerância de um setor social a uma mostra artística que retrata uma realidade que costuma ser escondida pela sociedade. “Não é só a hipocrisia social que se revela aí: trata-se do caráter repressivo de um banco que se esconde atrás de uma fachada de modernidade, enquanto trata seus empregados com autoritarismo e exploração.”

De acordo com o secretário de Políticas Sociais, ao se submeter aos grupos conservadores, o banco de matriz espanhola não só autoriza a volta da Censura no Brasil, como mostra que seu apoio a arte e a cultura, na verdade não passa de um lance de “marketing” para o grande público. “Enquanto esta instituição financeira bilionária, espalhada pelo mundo, finge dar grande apoio a arte, internamente ela segue explorando seus empregados, paga mal e pratica assédio moral ao impor metas abusivas para os bancários.”

Ao aceitar a censura sobre a arte, conclui Mauro Salles, o banco expõe a sua própria prática dentro de cada agência bancária, onde são frequentes os casos de preconceito e discriminação de bancários negros, LGBTs, pessoas com deficiência e outras chamadas minorias. “Qualquer ato de intolerância não serve aos trabalhadores.”

Fonte: Contraf-CUT

Ex-presidente do banco de desenvolvimento questiona mudança na taxa de juros promovida pelo governo Temer, e questiona: "o Brasil já está desenvolvido?"

O governo de Michel Temer (PMDB), modificou as taxas de juros cobradas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aproximando os novos patamares aos praticados pelo mercado privado.

Sobre o tema, o Brasil de Fato conversou com Para Carlos Lessa, economista carioca que presidiu o banco entre 2003 e 2004 no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o discurso e a orientação neoliberal do banco fazem dele uma instituição colocada à disposição pelo governo.

Discípulo de Celso Furtado, aos 81 anos de idade Lessa permanece convicto na possibilidade de o Brasil se tornar um país desenvolvido econômica e socialmente. No entanto, ele afirma que as condições atuais para a concretização desse sonho são adversas: “estamos vivendo um momento de perda de identidade nacional”.

Confira a entrevista:

Muitos dizem que a mudança nas taxas de juros do BNDES (de TJLP para TLP) enfraquecem o diferencial com o mercado privado e ataca a própria razão de o banco existir. O senhor concorda?

Basicamente é isso. Um banco de desenvolvimento é um banco que, tendo uma visão de futuro, aproxima essa visão do real mediante linhas de crédito favorecidas a quem avança naquela direção. Na verdade, é um construtor de futuros. É fundamental para isso ter algum elemento básico para atração do investimento privado. O setor público pode inclusive assumir um pedaço do risco, subscrevendo um pedaço do capital da futura empresa.

São procedimentos que criam, para quem acessa eles, condições para realizar os investimentos que materializam a proposta de desenvolvimento que o país tem. A premissa principal, portanto, é que deve existir uma proposta de desenvolvimento. Deve existir um projeto nacional. Se não existe, o banco pode construir uma hipótese de projeto nacional. Aliás, o BNDES o fez mais de uma vez ao longo de sua trajetória. Porém, o único modo de exercitar esse projeto é tendo a possibilidade de criar um elemento diferencial a favor de quem materializa o projeto.

Dando um passo atrás: por que não deixar o desenvolvimento para os bancos de investimento privados?

Como o processo de desenvolvimento industrial não é um projeto isolado de uma empresa, o banco, ao assumir o compromisso de desenvolver um conjunto de empresas, cria, ao mesmo tempo, um conjunto de mercados futuros. Por isso, tão importante quanto dispor da possibilidade de dar uma 'voltagem' a quem acolhe a diretiva, é a necessidade da concretude adjetiva, fazendo com que um conjunto de protagonistas a assuma. Essa é a capacidade diretiva do banco de desenvolvimento, que por definição não é um banco de investimento.

O banco de investimento, pelo contrário, recebe empresas que já tomaram suas decisões e que vão verificar qual melhor modalidade para materializá-las. O que o banco de investimento faz é combinar as necessidades possíveis que podem ser atendidas e como podem ser atendidas, para que a trajetória já determinada se realize. Banco de investimento dá concretude a decisão microeconômica. Banco de desenvolvimento cria realidade macroeconômica, por isso ele é fundamental para um país que está na periferia.

O papel que cumpre o BNDES para o Brasil é chave para o processo de transformação produtiva do país. Aqueles que estão achando que é possível acabar com o BNDES devem responder uma pergunta: o Brasil já está desenvolvido?

O BNDES passou por uma reorientação nos anos 80 e, principalmente, 90. Promoveu privatizações. É possível comparar o atual momento do banco com aquelas duas décadas?

O que hoje o Banco está passando eu tenho muita dificuldade de perceber. Eu acho que ele está atravessando um período de enorme vulnerabilidade, porque o discurso e a orientação neoliberal fazem dele uma instituição colocada em disponibilidade. Curiosamente, eu não vejo o setor privado se mover para protegê-lo.

Ainda é possível um projeto que combine capital produtivo e trabalho?

Em todas as sociedades de ponta, países desenvolvidos, a inserção do trabalho se deu dentro das possibilidades e potencialidades da economia em movimento. Houve um momento em que a chamada socialdemocracia passou a ser a orientadora do destino de grande parte do destino das economias de ponta do planeta.

Hoje, eu diria que ideologicamente esta posição está enfraquecida. Eu não sei exatamente a razão, mas eu diria que teria que ser procurada em certas transformações que o mundo vem passando. Uma delas, sem dúvida, é o crescente peso e poder de decisão dos negócios externos, extranacionais. Não vou dizer internacionais, vou dizer que não são ligados ao território nacional. Isso daí vem crescendo em velocidade e intensidade que objetivamente colocaram de lado, nos países que já ocupam posições fortes, a ideia de desenvolvimento.

O consenso de Washington declara que o desenvolvimento só é possível com as regras pré-keynesianas, ou seja, mínima intervenção do Estado, principalmente no que diz respeito aos fluxos de gasto. A chamada minimização do gasto público. Essa 'sugestão' está por trás da orientação de instituições como Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, impondo aos países periféricos condições que os afastam de seus projetos de desenvolvimento.

Mas cabe a quem a elaboração desse projeto nacional, se nem mesmo os setores do capital teriam interesse…?

A briga não é pelo futuro, é pelo presente que cada empresa pode conquistar. Claro que, para isso, ela acaba tomando decisões relativas ao seu futuro. (Se) a sociedade nacional não tem um projeto claro, o que acontece é que a decisão da empresa vai ser a decisão que melhor tiver sucesso na perspectiva de preservar seu próprio mercado e eventualmente crescer no mercado de outros. Essa lógica pode estar subordinada a um projeto de nação ou não. O que o neoliberalismo diz é que a nação emerge como figura derivada do jogo das empresas, o que não é verdade.

Continua a questão: quem elabora o projeto nacional?

Historicamente, os atores ideológicos do desenvolvimento brasileiro não foram empresários, com exceção talvez de uma figura como Roberto Simonsen. Em sua maioria, vieram de quadros do setor público. Foram projetos que se desenvolveram na ideia de que seria possível construir uma nação nos trópicos.

Diante de algumas tentativas interrompidas, o senhor ainda guarda o sonho da superação do subdesenvolvimento?

Eu guardo como sonho. O que pode-se perguntar é se as condições para esse sonho estão favoráveis. Não estão. Estamos vivendo um momento de perda de identidade. Nós estamos em um processo de abrir mão das ideias em torno da nossa identidade nacional.

Quem é o agente político que empreende esse ataque à identidade nacional?

Não sei se há um agente mobilizado apenas por essa ideia. Existem várias visões, que convergem na ideia de abandonar o conceito de nação. Há uma vasta esfera de interesses localizada nas conexões que cada fração de capital guarda com frações de capital fora do país. Existem frações que têm acesso privilegiado a frações dominantes fora do Brasil. Não há uma padronização nisso. O que há de forma absolutamente inequívoca é a ideia de que a solução existe apenas para si e os outros que se lixem.

Fonte: Brasil de Fato

Os bancos têm até 30 de setembro para creditar a antecipação da PLR, de acordo com a Convenção Coletiva do Trabalho 2016/ 2017. Porém, a Contraf-CUT já solicitou aos bancos a antecipação do pagamento PLR. Neste ano, o benefício terá reajuste de 2,75%, na comparação com 2016.

O pagamento da antecipação da PLR é composto por uma regra básica e uma parcela adicional. A regra básica é calculada sobre o salário do bancário (54% do salário) reajustado de acordo com a CCT. À mesma regra básica é acrescido um valor fixo, que também é reajustado pelo índice geral. Isso vale para bancos públicos e privados.

O outro montante que compõe a PLR é a antecipação da parcela adicional. Esta depende do lucro do banco (distribuição linear de 2,2% do lucro do 1º semestre), dividido pelo número de funcionários.

Fonte: Contraf-CUT

A Contraf-CUT se reúne, na quinta-feira (14), com o Banco do Brasil para debater as mudanças que estão acontecendo nas Plataforma de Suporte Operacional (PSO) e nas atribuições dos caixas executivos.

O BB iniciou um piloto com mais de 200 salas de autoatendimento e algumas mudanças têm gerado reclamações e dúvidas de bancárias e bancários que atuam nas PSO.

A reunião faz parte do processo de negociação permanente e foi solicitada ela Comissão de Empresa. O BB fará uma apresentação do projeto em implantação e os representantes dos bancários levarão os questionamentos sobre os problemas quem vem ocorrendo.

Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, todas as mudanças devem ser bastante debatidas para se evitar desvios nas funções ou atribuições dos funcionários da PSO, bem como manter todas as tarefas dentro das instruções normativas e legais. “É necessária a disposição do banco em debater os efeitos das mudanças na ponta, onde as coisas acontecem na prática. É comum um projeto ser alterado nas esferas inferiores devido ‘mentes criativas’, gerando reclamações de funcionários e clientes.”

Fonte: Contraf-CUT

Muita gente já encontrou no extrato bancário o débito relativo a um serviço que não contratou. Ou a cobrança por um novo pacote de produtos pelo qual jamais procurou, ou um cartão plus que sequer pensou em pedir. Além do desconto indevido em conta corrente, há a chateação de ficar um tempão pendurado no serviço de atendimento telefônico, ou mesmo no chat, sem que haja garantia da solução do problema. Em muitos casos, acaba sendo necessário ir pessoalmente à agência, onde se vai perder mais um tempo e passar raiva na fila.

Os que conferem seus extratos e reclamam têm o ressarcimento. Já os que não têm esse hábito saudável do ponto de vista financeiro acabam por pagar taxas que vão engordar os lucros dos banqueiros. Pouca gente sabe, mas todo esse aborrecimento significa que o cliente – assim como o bancário – está pagando o 'pato' pelas pressões impostas pelos banqueiros e seus executivos para aumentar ainda mais sua lucratividade.

Essas pressões, além do aumento do controle sobre o trabalhador, são algumas das ferramentas inseridas em um modelo de gestão baseado na redução de custos, inclusive de recursos humanos, no qual a terceirização tem fundamental importância.

Se os clientes pagam com toda essa chateação ou prejuízo ao bolso, os trabalhadores das instituições bancárias muitas vezes são obrigados a comprar eles próprios produtos de que não necessitam. Ou recorrem à solidariedade de familiares e amigos, que colaboram comprando também para que a meta seja atingida.

Sob tanto controle, pressão e metas, o bancário paga com a saúde, fragilizada por um ambiente nocivo, altamente competitivo e que leva ao adoecimento, especialmente psíquico. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2015 os casos de depressão superaram os de lesões por esforço repetitivo (LER). Isso quando não com a demissão por não ter chegado perto de atingir as metas cada vez mais abusivas.

“Funcionários de todos os setores, em todos os bancos, são submetidos a esse modelo de gestão dos bancos que os levam a cometer esses desvios indesejáveis – ou desonestidade, como se diz entre os bancários suíços e alemães. São transgressões cometidas em função da sobrevivência na corporação, ou seja, de continuar empregado”, explica a professora e pesquisadora da Faculdade 28 de Agosto Ana Tercia Sanches.

Na segunda-feira (4), ela lançou o livro Trabalho Bancário – Inovações Tecnológicas, Intensificação e Gestão por Resultados (Editora Anna Blume), fruto da sua pesquisa para doutorado, defendido em agosto do ano passado, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Perdas

Ana Tercia analisou as mudanças na gestão dos bancos a partir de 1990, feitas para elevar os lucros, e chegou à conclusão de que, para aumentar a já alta lucratividade, os bancos passaram a intensificar a pressão por resultados. Os patrões, que passaram a ter lucros astronômicos e os altos executivos, com seus bônus milionários, criaram programas de metas de curto prazo, e deixaram de lado a valorização da carreira.

Os bancários passaram a trabalhar mais, fazendo muito mais atividades simultâneas, mas não foram os únicos prejudicados. Dados do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região mostram que mais de 60% da categoria trabalha em média 8 horas por dia, bem além das 6 horas diárias estabelecidas em convenção. As inovações tecnológicas, que deveriam contribuir para a redução da jornada de trabalho e para mais contratações, melhorando a qualidade de vida de todos, afetaram os clientes.

Ao ter de atender mais gente, ao mesmo tempo, por meio das diversas ferramentas de comunicação via internet, além do telefone e do celular, que ainda são muito usados, caiu a qualidade do atendimento.

"O desenvolvimento tecnológico, que por um lado beneficia clientes que podem pagar contas e fazer operações pelo próprio celular, prejudica pessoas que não dominam essas ferramentas ou mesmo que preferem o atendimento presencial, na agência", destaca Ana Tercia.

Ela lembra ainda do aumento no número de agências virtuais. "A tendência é que o fim do trabalho presencial seja seguido de um atendimento remoto com o desaparecimento progressivo da participação humana. Ou seja, cada vez mais, por meio da inteligência artificial, as relações entre o cliente e o banco serão intermediadas por robôs."  

Para a professora, outra perversidade da lógica é incorporar a pressão como elemento banal da rotina do bancário, a ponto de incluir no perfil desejado de seus candidatos a uma vaga a "resistência a pressões".

"Por conta dessa engrenagem, o processo de trabalho conforme estruturado é altamente controlado, embrutece as relações entre os colegas e com o público e enfraquece o trabalho em equipe, tendo impacto negativo na saúde e na qualidade de vida", destaca.

Fonte: Rede Brasil Atual