Dezembro 18, 2025
Slider

COE Santander cobra respeito à representação sindical e discute compliance, canal de denúncias e saúde mental

Nesta terça-feira, 16 de dezembro, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander se reuniu com a direção do banco.

Claudio Merçon (Cacau), representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES) na Comissão, participou da reunião, que aconteceu na sede do banco, em São Paulo.

Logo no início do encontro, os representantes dos trabalhadores fizeram uma cobrança firme ao banco em razão do vazamento de informações internas ocorrido no dia seguinte à última reunião, divulgado por pessoas que não pertencem ao banco nem à representação sindical.

Na ocasião anterior, o Santander havia afirmado que não poderia fornecer mais detalhes sobre determinados temas. No entanto, informações internas acabaram circulando externamente e se misturaram a boatos, o que gerou insegurança entre os trabalhadores e indignação nos dirigentes sindicais. Para a COE, a situação compromete a credibilidade da representação junto à base e caracteriza uma grave quebra de confiança.

Os bancários afirmaram que se sentiram traídos e cobraram que o banco reveja seus fluxos de comunicação e fortaleça o diálogo com a representação sindical, para evitar que episódios semelhantes voltem a ocorrer. O Santander reconheceu o problema e se comprometeu a ajustar o formato de comunicação interna.

A coordenadora da COE Santander, Wanessa de Queiroz, criticou o erro cometido pelo banco e destacou a gravidade da situação. “O vazamento de informações internas por pessoas que não fazem parte do banco nem da representação sindical é um erro grave. Isso enfraquece a confiança e prejudica diretamente o nosso trabalho junto aos trabalhadores. Esperamos que o banco cumpra o compromisso assumido e que esse tipo de situação não volte a acontecer”, afirmou Wanessa.

Banco apresenta mudanças na gestão de compliance

No decorrer da reunião, o Santander apresentou alterações e reforços na sua Gestão de Compliance e no Processo Estruturado de Apuração, que já haviam sido comunicados nas redes internas do banco.

Entre os pontos apresentados estão:

• Compliance – Conduta Corporativa, responsável pela gestão do canal ético;
• Prevenção de Conflito de Interesses, com verificação interna para mitigar riscos entre investigador e denunciado;
• Protocolo de Investigações, com diretrizes rigorosas para denúncias comportamentais graves, como assédio, garantindo a escuta do denunciante, do denunciado e de testemunhas;
• Quality Check (Controle de Qualidade), realizado após a conclusão das apurações para assegurar proporcionalidade e ausência de favorecimento nas medidas disciplinares;
• Métricas globais e transparência, com cerca de 50 indicadores trimestrais sobre o Canal Aberto e divulgação de informações em relatórios públicos.

Canal Aberto Santander e proteção ao denunciante

Um representante da área de Compliance apresentou detalhes sobre o Canal Aberto Santander, ferramenta destinada ao acolhimento de denúncias e à promoção do comportamento “Speak Up” (Falo Abertamente).

O canal permite o registro de denúncias sobre temas como assédio moral ou sexual, discriminação, corrupção, fraude interna, conflitos de interesse, violação de normas trabalhistas, segurança da informação, lavagem de dinheiro, entre outros.

O banco informou que o Canal Aberto funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, por telefone gratuito e pela intranet, e que também recebe denúncias feitas pelo sindicato. O denunciante pode acompanhar o andamento do caso por meio de uma senha exclusiva, com garantia de anonimato.

Segundo o Santander, há tolerância zero à retaliação, sendo proibida qualquer forma de discriminação ou tratamento injusto contra quem denuncia de boa-fé. Casos de retaliação podem resultar na aplicação de medidas disciplinares, sem exceção.

Saúde mental, bem-estar e risco psicossocial

A segunda apresentação ficou a cargo da área de Pessoas, Cultura e Ouvidoria, que abordou as ações de saúde mental e bem-estar previstas para 2025. Entre os destaques estão isenções de coparticipação para exames preventivos, a Semana de Saúde Mental, o Family Day, além das campanhas do Outubro Rosa e Novembro Azul.

O banco detalhou as iniciativas de atenção à saúde mental em três níveis. Na atenção primária, foram citadas ações de psicoeducação de líderes, com mais de 2,6 mil gestores treinados em segurança psicológica, e a realização de mais de 35 rodas de conversa sobre saúde e bem-estar em 2025.

Na atenção secundária, o Atendimento Médico Integrado (AMI) já atendeu mais de 1.200 pessoas neste ano, com NPS de 4,8, além do apoio psicológico do PAPE, que registrou mais de 12 mil atendimentos em 2025. Já na atenção terciária, o programa Retorne Bem, criado em 2014, apresentou taxa de sucesso de 82% nos últimos cinco anos.

O Santander também apresentou o plano de implementação das exigências relacionadas ao Risco Psicossocial, conforme a NR-1, destacando etapas como análise de risco, planos de ação individualizados e documentação legal obrigatória a partir de maio de 2026.

Inclusão de pessoas com deficiência e neurodivergentes

Outro ponto discutido foi o Programa do Seu Jeito, voltado ao acompanhamento de funcionários com deficiência. A iniciativa prevê acolhimento, adaptação ao ambiente de trabalho, acompanhamento por equipe multidisciplinar, parceria com o TotalPass, equipe dedicada de saúde e segurança do trabalho e isenção de coparticipação para consultas e exames.

Para trabalhadores neurodivergentes, o banco informou que há isenção de coparticipação nos casos em que a renda esteja comprometida com o plano de saúde, além da ampliação do acesso a exames preventivos de câncer.

Ao final da reunião, Wanessa de Queiroz reforçou a importância de ouvir os trabalhadores e avaliar o impacto real das políticas apresentadas. “É fundamental entendermos o que, de fato, melhora o dia a dia dos trabalhadores. Só assim conseguimos avaliar o impacto dessas ações na vida deles e mostrar como essas medidas podem ser realmente benéficas”, concluiu a coordenadora da COE Santander.

Wanessa também criticou o fato de os exames preventivos não terem sido clausulados no ano passado, apesar de esse ser um pedido do movimento sindical, e voltou a cobrar a extensão da isenção de coparticipação aos dependentes das pessoas com deficiência (PCDs).

Mudanças no varejo

A última apresentação do dia tratou da nova organização comercial do varejo do Santander, tema que havia gerado ruídos após a reunião anterior. O banco explicou que as mudanças fazem parte de uma estratégia de clientes baseada na gestão matricial multicanal, com foco na distribuição comercial e no fortalecimento da presença territorial de forma integrada.

Segundo o Santander, a nova estrutura prevê coordenação em todo o ecossistema do banco, manutenção da especialização das equipes e atuação comercial orientada por sinergia, disciplina e portfólio de produtos. Também foi destacada uma mudança significativa na liderança das redes.

O banco apresentou ainda a nova segmentação de clientes Pessoa Jurídica (PJ), que passa a contar com novas nomenclaturas, além de alterações no segmento Select, com novos nomes e ajustes nas faixas de enquadramento.

De acordo com o Santander, nenhuma das mudanças anunciadas trará impactos no dia a dia dos trabalhadores. A nova estrutura passou a vigorar em dezembro e será refletida nos sistemas a partir de 1º de janeiro de 2026. Já a migração de clientes, tanto PJ quanto Pessoa Física (PF), está prevista para ocorrer na primeira quinzena de janeiro de 2026.

Por fim, ficou definido que a mesa sobre Diversidade e Segurança Bancária será realizada no dia 28 de janeiro de 2026. Já no dia 25 de fevereiro está prevista uma reunião específica para tratar da NR-1.

*com informações da Contraf-CUT