Imaginem a seguinte situação: Agenor, responsável por administrar a tradicional Tratoria e Risttorante, decide submeter a empresa a uma reformulação, reduz o número de funcionários em algumas unidades, que passam a se chamar Lancherias. As Lancherias não possuem cozinheiros, por isso, os funcionários responsáveis pelo preparo da comida serão chapistas, com salários reduzidos. Seis meses depois, Agenor resolve re-reestruturar a empresa e torna as Lancherias em Cantinas, elevando os chapeiros a cozinheiros, mas mantém o mesmo salário do cargo anterior. Detalhe: durante todo esse processo o menu sempre foi o mesmo.
Essa história, em tom cômico, foi descrita por um funcionário do BB sobre a nova reestruturação anunciada pelo banco, nesta semana. A administração da empresa informou que irá transformar os postos de autoatendimento (PAAs) em “Lojas”, que voltarão a ter o status de agência.
Voltando um pouco no tempo, em janeiro deste ano, o BB anunciou um plano de reestruturação que vem resultando no fechamento de unidades e enxugamento do número de funcionárias e funcionários e sobrecarregando os que ficam. Nesse processo, algumas agências foram transformadas em PAAs, com gerentes de relacionamento subordinados a gerentes-gerais de agências maiores.
Os funcionários pagam a conta
Agora, nesta semana, o banco anunciou que os PAAs serão elevados ao status de “Lojas”, os gerentes de relacionamento serão “promovidos” a gerentes gerais, com mais responsabilidades e riscos inerentes ao cargo, entretanto, sem aumento salarial efetivo.
“Com toda essa manobra, que vem ocorrendo desde janeiro, o banco conseguiu fazer uma ampla redução salarial, aumentando a responsabilidade do funcionário, com a possibilidade de ele ser descomissionado por ato de gestão”, alertou o representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP) na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), Getúlio Maciel.
“O gerente de relacionamento que hoje fica nesses postos [de autoatendimento], vai ser promovido, entre aspas, para ter muito mais responsabilidade, assinar pelo banco, ter procuração pelo banco e não ter ponto eletrônico e ganhar 170 reais a mais. Sendo que, em alguns casos, os gerentes vão ganhar menos. Com a criação do Performa, de outra reestruturação que o banco rebaixou os salários, todas as comissões tiveram o valor reduzido, mas, em muitos casos, os gerentes mantiveram o mesmo valor através de uma complementação da verba. Agora, no momento em que eles forem, entre aspas, promovidos, vão perder a complementação dessa verba”, explicou a representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi/MG) na CEBB, Luciana Bagno.
Em resumo, em alguns casos, gerentes de relacionamento que forem promovidos para gerente geral acabarão com os salários mais baixos. “Vale destacar ainda que, durante todo esse processo de reestruturação, os gerentes de relacionamento das PAAs sempre tiveram as mesmas responsabilidades, mas só poderiam ser descomissionados se tivessem três avaliações negativas, uma a cada semestre, por desempenho. Agora, eles poderão ser descomissionados por ato de gestão”, observou Getúlio Maciel.
“A cada nova reestruturação os funcionários do BB se sentem mais desvalorizados. Sempre com aumento da carga de trabalho e das responsabilidades e redução do salário. As reestruturações vão se sobrepondo, somando anomalias e, inevitavelmente, aumentando o passivo trabalhista do banco”, ponderou Luciana Bagno.
Banco de mercado
“No lançamento do balanço do último semestre, o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, José Ricardo Fagonde Forni, disse que uma das finalidades futuras da reestruturação seria a redução de despesas, principalmente no que tange às despesas administrativas e de pessoal. Então, essas reestruturações visam diminuir salários para apresentar um balanço melhor à custa dos funcionários, numa ótica que privilegia os acionistas em detrimento da qualidade de atendimento e responsabilidade social”, destacou o coordenador da CEBB, João Fukunaga.
A CEBB procurou o banco para mais esclarecimentos sobre a nova reestruturação. “Estamos preocupados com o impacto dessas alterações, em tão pouco tempo e da forma como estão acontecendo, na vida dos funcionários. Se o banco quer fazer mudanças que correspondam às necessidades do mercado, precisa considerar que tanto o mercado como a empresa são formados por pessoas reais que não podem ser simplesmente movimentadas, como se fossem peças de um tabuleiro”, concluiu Fukunaga.
O Saúde Caixa vai iniciar, a partir de janeiro de 2022, um novo modelo de custeio e gestão, como prevê o Acordo Coletivo de 2020/2022. E os empregados e empregadas, através de assembleias que os Sindicatos dos Bancários espalhados no Brasil realizarão, deverão votar pela aprovação ou rejeição da proposta negociada entre o Comando Nacional dos Bancários e a Caixa.
O Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense fará sua assembleia, aberta para todas as bancárias, bancários e aposentados, nos dias 28 e 29 de outubro.
A votação será das 8 horas do dia 28/10 até às 18 horas do dia 29/10 de 2021 e o Sindicato orienta pela aprovação da proposta.
Uma das principais mudanças é a instituição de uma mensalidade sobre o 13º salário. Desde 2016 o plano apresenta consecutivos déficits, o que justifica a necessidade de maior arrecadação mensal para garantir a sustentabilidade do plano.
Algumas razões justificam o aumento das despesas assistenciais, tornando a cobrança adicional inevitável. Entre 2004 e 2020, os custos assistenciais cresceram 632%, enquanto as contribuições dos beneficiários aumentaram 522%. Isso acontece porque há um descompasso entre o reajuste salarial dos empregados e a inflação médica, que é o resultado do aumento dos custos de saúde e da frequência de utilização do plano.
E as despesas assistenciais do Saúde Caixa continuam crescendo. Com a redução de cerca de 20 mil postos de trabalho entre 2014 e 2020, com previsão de contratação de três mil empregados e concursos específico para pessoas com deficiências – o que não supre o déficit -, a população de empregados da Caixa está envelhecendo. Como consequência natural, a tendência é que se utilize o plano com mais frequência.
Diante deste cenário, a intenção da Caixa era aplicar a paridade contributiva no custeio, a cobrança individual da mensalidade, por faixa etária e renda. Com muita dificuldade nas negociações, os representantes dos empregados conseguiram reverter a proposta da Caixa e mantiveram a proporção de contribuição dos trabalhadores em 30%. A participação da Caixa será limitada em 70% ou 6,5% da folha de pagamentos e proventos – o que for menor. Uma grande conquista foi assegurar a preservação dos princípios da solidariedade, mutualismo e o pacto intergeracional e a manutenção da cobrança por grupo familiar.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) enviou um ofício à Caixa Econômica Federal, na terça-feira (19), solicitando informações sobre o remanejamento de gerentes de carteira de pessoas jurídicas (PJ).
“Recebemos denúncias de que, nos próximos dias, acontecerão remoções de gerentes PJ das agências onde atualmente tem mais de um gerente de carteira PJ, permanecendo apenas um por agência. Os mesmos serão alocados nas agências onde atualmente não existem gerentes PJ”, informou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária de Cultura da Contraf-CUT. “Isso tem gerado instabilidade entre os empregados e pode também acarretar grandes transtornos, pois para os remanejados poderá existir, inclusive, mudança de cidade. Tudo isso é feito sem aviso prévio ou qualquer negociação com a representação dos trabalhadores”, ressaltou.
Fabiana diz haver relatos de transferências entre agências distantes até 300 quilômetros uma da outra. “E o banco diz que o gerente pode escolher para qual unidade quer ser transferido, mas a verdade é que não existe opção”, criticou.
No ofício, a Contraf-CUT observa que o Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021 estabelece, em sua cláusula 47ª, parágrafo segundo, que a Caixa deve debater em mesa de negociação qualquer mudança que faça e/ou cause impactos na vida dos empregados.
“Esperamos que a Caixa nos contate para buscarmos, o quanto antes, a solução”, concluiu a dirigente da Contraf-CUT.
Dois terços das campanhas salariais de categorias com data-base em agosto tiveram reajuste abaixo da inflação acumulada (INPC-IBGE). Foram 66,3% com perdas, ante 16,8% em igual período do ano passado. Os dados foram compilados pelo Dieese, com base em informações do Ministério do Trabalho. A inflação crescente piora um cenário que já era ruim com a crise econômica e a pandemia.
Dos acordos fechados até agora relativos a agosto, apenas 8,8% das campanhas salariais chegaram a reajuste acima do INPC. Outros 25% ficaram com índice equivalente ao da inflação, que segue sendo um “inimigo” das negociações. O Dieese lembra que o INPC de 0,88% em agosto representou “o maior percentual de reajuste necessário para uma data-base” desde fevereiro de 2016.
No acumulado de janeiro a agosto, o resultado também é ruim. Quase metade dos reajustes (48,5%) ficou abaixo do INPC. Um terço (33,2%) equivale ao índice oficial e apenas 18,2% ficam acima. A variação real média dos reajustes salariais mostra perda: -0,71%.
No recorte por setor econômico, o de serviços tem 61,2% de acordos (de um total de 3.686) perdendo para a inflação. A indústria (2.814) tem 35,7% e o comércio (1.164), 32,1%. O maior percentual de reajustes acima do INPC é do setor industrial (24,7%).
Na última hora, o governo Bolsonaro cancelou nesta terça-feira (19) o lançamento do chamado Auxílio Brasil. A indecisão se deu em função da falta de consenso em relação ao valor do benefício que deve substituir o Bolsa Família, programa que completa 18 anos nesta quarta-feira (20). Além disso, houve reação histérica dos agentes do mercado financeiro, que não aceitam que os gastos com o novo programa ultrapassem o teto de gastos.
“O governo não sabe se prioriza o mercado financeiro ou a questão da fome no Brasil”, criticou o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior. Em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, ele lamentou que a discussão do combate à pobreza no Brasil fique subordinada aos interesses eleitorais de Bolsonaro, de um lado, e do mercado, de outro.
“É muito triste ouvir na mídia tradicional que a principal discussão é o teto de gastos, o mercado financeiro e como essas movimentações em relação aos mais pobres poderia prejudicar o equilíbrio das contas públicas no Brasil. Quando a gente sabe que esse equilíbrio passa muito mais pela taxa de juros e pelos gastos financeiros”, disse Fausto.
Por outro lado, ele destaca que, se os reajustes do Bolsa Família não tivessem sido congelados a partir do governo Temer, os valores pagos aos beneficiários alcançariam a faixa entre R$ 300 e R$ 400, que é o que o governo discute entregar agora.
Cobertor curto
O novo programa Auxílio Brasil deve beneficiar 17 milhões de pessoas, segundo o ministro da Cidadania, João Roma. Contudo, no auge da pandemia, o auxílio emergencial chegou a atender até 68 milhões de pessoas. Fausto destaca que mais de 50 milhões ficarão desassistidas, totalmente expostas ao mercado de trabalho precarizado com desemprego elevado. Diante desse quadro, o diretor do Dieese aponta que o ideal seria avançar para a implementação da Renda Básica de Cidadania, que funcionaria como uma espécie de “colchão” no enfrentamento à pobreza.
Além disso, ele afirma que falta transparência nos critérios a serem adotados no novo programa. Teme ainda que avanços como Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico) sejam postos em risco. “Cabe lembrar que quando falamos de políticas de transferência de renda, não estamos falando apenas de política social. Mas também de política econômica, uma vez que a entrada desses recursos serve para reativar a economia das pequenas cidades e regiões mais pobres”, ressaltou.
A denúncia, feita pelo movimento sindical bancário contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, de uso de recursos do banco para promoção pessoal e finalidade política, foi encaminhada ao Ministério Público Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral pelos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU).
Ao analisarem o processo, no dia 6 de outubro (Acórdão 2391/2021-PL), os ministros do TCU decidiram não aceitar (não conhecer) a denúncia, sob o fundamento de que não houve comprovação dos indícios de utilização de recursos da Caixa na realização de eventos, que configurariam campanha eleitoral antecipada do presidente da Caixa e do próprio presidente da República. Mas, declararam haver evidencias de possível realização de campanha eleitoral antecipada, fora do período permitido pela legislação vigente. Por esse motivo, decidiram encaminhar cópia da deliberação para conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral.
“Os ministros reconheceram que há evidências de uso pessoal da Caixa para campanha eleitoral antecipada. Agora cabe ao Ministério Público Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral darem prosseguimento ao processo”, observou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Vamos continuar acompanhando o caso com atenção, pois há evidências de que houve o uso de recursos públicos para finalidades pessoais e eleitorais. Neste caso, é preciso que haja punição dos culpados para evitarmos que a Caixa tenha sua imagem maculada. Isso atinge a instituição, seus empregados e toda a sociedade”, completou Fabiana.
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reúne com o banco na próxima sexta-feira (22) para tratar sobre diversos temas relacionados às condições de trabalho nas agências e departamentos da Caixa. “Queremos debater os assuntos que fazem parte do dia a dia dos empregados e que muitas vezes os levam à sobrecarga de trabalho, ao estresse e ao adoecimento, como as metas desumanas e o assédio que são impostos junto com elas. Mas, também a promoção por mérito, a movimentação de caixas e tesoureiros, o GDP e até como está sendo pensado o retorno dos colegas que estão em home office para o trabalho presencial. São todas questões que envolvem e precisam ser debatidas com os empregados”, informou a coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
A CEE também quer debater sobre os valores referentes à Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) pagos a menor e questões relacionadas à Fundação dos Economiários Federais (Funcef), como a resolução 30 do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC 30) e a incorporação do Plano de Benefícios (REB) no Novo Plano de previdência da Funcef (veja a sugestão de pauta enviada à Caixa ao final deste texto).
Teletrabalho e banco de horas
A reunião de negociação sobre teletrabalho e banco de horas, que estava prevista para acontecer nesta segunda-feira (18), foi desmarcada devido a Caixa não ter encontrado até o momento a solução para a marcação de ponto de todos os empregados, tanto os que estão em presencial quanto os que estão em home office.
“Deixamos claro para a Caixa que as negociações somente avançam se houver a possibilidade de controle da jornada de todos os funcionários, pois sabemos que se não houver controle de jornada os trabalhadores acabam sendo forçados a trabalhar além da hora e acabam não sendo remunerados por isso”, disse Fabiana. Ainda não existe previsão de data para a reunião.
Pauta sugerida para a reunião de sexta-feira (22)
PLR
FUNCEF (CNPC 30 e Incorporação do REB no Novo Plano)
Programa de Gestão de Desempenho (GDP) –curva forçada, colegas sem avaliação, metas impostas, obrigação de estar no TDV, e tem GGR cobrando no mínimo bronze.
Programa Qualidade de Vend (PQV)
Time de Vendas (TDV)
Metas (assédio sistemático, desafios diários cada vez mais insanos e “sprint” de produtos)
Promoção por mérito
Movimentação de caixas e tesoureiros
Problemas no registro do início da jornada e retorno do intervalo, por vezes o sistema chega a demorar quase 20 minutos para permitir o registro do ponto.
Acúmulo de funções (ex: crescente situação do tesoureiro se tornar caixa, não como um ajudante, mas em período integral. Agências menores que estão perdendo o caixa, estão jogando tudo para cima do tesoureiro. E perdendo o tesoureiro, jogando para cima de gerente de varejo, assistente etc. Aumento absurdo de trabalho e retrabalho e no geral sem compensação financeiro)
Material precário disponibilizados aos empregados nas unidades (computadores lentos, teclados, mouses e leitores de certificados com problemas/defeituosos o que tem prejudicado sobremaneira o trabalho dos colegas)
Necessidade de acesso ao “Rede Caixa” nas estações financeiras (como trabalhar sem riscos se não é possível acessar o Sidec)
Recém-admitidos que não estão conseguindo obter o certificado digital, e por conta disso não conseguem executar uma série de rotinas (e depois na avaliação serão cobrados do que não fizeram, mas não tinham condições ideais de trabalho)
Interaxa (os colegas têm que saber de tudo para atender os clientes, os gerentes não conseguem dar suporte porque também estão atendendo, quem está em home office não bate ponto e acaba ficando mais tempo que a carga horária) (tempo de inatividade para encerrar o atendimento no Interaxa, o normativo fala em 20 min. Isso é muito tempo para ficar com o cliente na tela sem que ele responda. Em qualquer atendimento via WhatsApp esse tempo é bem menor, geralmente 5min)
Retorno do horário de atendimento das agências ao horário normal bancário
Manutenção das equipes de apoio como vigilantes, recepcionistas, posso ajudar (temos recebido diversas denúncias da retirada e isso prejudica a organização, triagem e afins)
Indicadores de vários países mostram que a incidência de covid-19 volta a crescer, com aumento de internações e mortes. Rússia e Cingapura, por exemplo, vivem o pior momento da pandemia desde março de 2020. Contudo, são cenários distintos. Enquanto os russos possuem baixo percentual de vacinação, 33,6%, o país asiático tem 99,57% de pessoas completamente imunizadas. Em comum, os países deixaram de lado medidas de distanciamento social, entre outras ações protetivas. Cientistas alertam que uma tendência similar de piora pode chegar ao Brasil.
A melhora no cenário brasileiro, que veio junto com a vacinação, levou, por outro lado, ao relaxamento precoce em medidas de segurança, de acordo com cientistas. Eles alertam para patamares que seguem elevados de transmissão e mortes, e que, além disso, a situação continua recheada de incertezas. Em especial, pelo percentual insuficiente de vacinados; são cerca de 50%, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica ao menos 80% para uma situação mais confortável. “A pandemia ainda está em curso. Estamos avançando, mas não podemos negligenciar cuidados que ainda se fazem fundamentais”, afirmam os pesquisadores do Observatório da Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em boletim divulgado na última sexta-feira (15).
Letal
A entidade revela que a letalidade no Brasil segue entre as mais preocupantes do mundo, em torno de 3%. Em alguns estados a situação é pior, como Roraima, com 14,3%; São Paulo, com 9,7%; e Rio de Janeiro, com 6,8%. De acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o país soma 603.465 mortos, segundo com mais vítimas atrás apenas dos Estados Unidos, com pouco mais de 700 mil mortos e população 50% maior. Hoje (18) o Conass reportou 183 mortes em 24 horas, sendo que às segundas-feiras existe uma subnotificação natural do sistema. Também foram reportados 7.446 novas infecções, somando 21.651.910 desde março do ano passado.
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass
Retrocessos
O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, destaca que nas últimas semanas o país viu uma “desaceleração da queda dos números e uma possível estagnação em um patamar bem mais elevado do que gostaria”. Ele afirma que o país é grande e que o surto deve ser analisado de forma mais localizada. “São muitos fatores e a soma de todos é que nos mostra como a situação está e quais as políticas públicas que devem estar sendo debatidas. Temos muitas situações distintas. Uma taxa de transmissão só para o país inteiro não diz nada”, disse.
Ele cita levantamento do epidemiologista Wanderson de Oliveira que analisa cada estado brasileiro e sentencia: “Estacionamos na queda e retrocessos ocorrem em vários estados”. É o caso do Acre e do Ceará, por exemplo, como mostra boletim da Fiocruz. “No Acre, por exemplo, o número de casos registrados cresceu inacreditáveis 450%. No Ceará, após algumas semanas de queda do número de casos e óbitos, os registros aumentaram de forma abrupta em cerca de 4%.” Além do recrudescimento do surto, variações também são atribuídas a problemas de notificação.
Levantamento do epidemiologista Wanderson de Oliveira sobre covid-19 no Brasil
Contudo, Schrarstzhaupt reafirma que os patamares de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (Srags) seguem inaceitáveis. “Estamos dezenas de vezes acima dos patamares de SRAG (uma das consequências da covid-19) que tínhamos antes da pandemia. Qualquer estacionada nesses patamares precisa ser comunicada e tratada”.
Como medidas necessárias, o pesquisador destaca a importância, mesmo que individual, de seguir protocolos mínimos, como o de evitar locais fechados por muito tempo e usar máscaras adequadas. “Vacinem-se; usem máscaras PFF2 bem vedadas; busquem por locais com ar livre e bem ventilados; distanciamento físico como precaução sempre que possível”.
Cenário internacional
As vacinas, como explicam especialistas, seguem demonstrando boa eficácia contra o vírus, especialmente como estratégia coletiva para superação da pandemia. Entretanto, não existe imunizante 100% eficaz e o vírus possui potencial de circular entre vacinados. Com a circulação descontrolada do vírus, as mortes em números elevados serão inevitáveis e ainda existe o risco do surgimento de mutações virais. Há cinco dias consecutivos, a Rússia supera os novos casos diários, que estão por volta de 35 mil. Pela primeira vez, ontem (18), o país superou as mil mortes diárias.
Em Cingapura, o país saltou de uma média de 50 casos diários para patamares acima de 2 mil durante o mês de outubro. As mortes, ainda que poucas, também explodiram. Após meses sem registrar vítimas, mais de 10 morrem por dia no país. O país asiático já tomou atitudes e planeja retomar medidas rígidas de segurança. “Os hospitais voltaram a apresentar saturação na capacidade de atendimento, com longas filas nos setores de emergência. Diante disso, o governo restabeleceu a adoção de medidas restritivas e de distanciamento físico e social. A atual estratégia do país consiste em revisar suas restrições e realizar ajustes de acordo com a situação epidemiológica, sendo possível a necessidade do uso de máscaras, viagens limitadas e distanciamento físico e social até 2024”, informa boletim da Fiocruz, que apresentou o caso como alerta ao Brasil.
Curvas epidemiológicas com novos casos e mortes, consecutivamente, em Cingapura. Fonte: Rastreador do Covid-19 MicrosoftFonte: Rede Brasil Atual
As últimas parcelas do auxílio emergencial, pago a famílias em situação de vulnerabilidade durante a pandemia, começaram a ser depositadas nesta segunda-feira (18), mas o governo federal ainda não oficializou qual será o futuro do programa. A menos de duas semanas do fim do mês, a indefinição traz insegurança a milhões de pessoas.
Diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, a ativista Paola Carvalho alerta para o clima de incerteza entre quem recebe o benefício: “Os relatos que nós recebemos, pelo atendimento que a gente faz às pessoas em relação ao auxílio emergencial, são de completo desespero”.
Ela alerta para o risco de aumento ainda mais intenso da extrema pobreza. Para a ativista, a perspectiva de muitas famílias “é de não saber o que fazer para sobreviver a partir do mês que vem”.
Paola Carvalho ressalta que é preciso discutir não apenas o auxílio emergencial, mas um programa de renda permanente, frente às cenas de horror da busca da população por alimentos. “É a fila do osso, os pés de galinha e as pessoas buscando comidas vencidas e estragadas no caminhão de lixo. Um Brasil que muitas vezes o governo finge não existir”.
Governo confuso
Também nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro disse que “se Deus quiser, nesta semana resolveremos a extensão do auxílio emergencial”. Ele não deu qualquer detalhe, não especificou valores ou prazos. Por um lado, as afirmações podem ter sido uma sinalização de que o benefício será prolongado. Porém, vão contra o discurso do próprio governo.
O plano oficial é substituir o auxílio e o Bolsa Família por um novo programa de transferência de renda, que seria pago a partir de novembro. No domingo (17), o ministro da Cidadania, João Roma, reafirmou essa intenção.
O número de pessoas atendidas, no entanto, ficará bem abaixo do que abrange o benefício da pandemia atualmente. Em entrevista para a TV Brasil, Roma disse que o governo pretende pagar o novo auxílio a 17 milhões de trabalhadoras e trabalhadores.
Paola Carvalho lembra que o número de atendidos hoje, oficialmente, é superior a 30 milhões. “Mesmo a ampliação do auxílio emergencial por um mês – para ganhar tempo na discussão da Medida Provisória do Auxílio Brasil – ou a transformação para o Auxílio Brasil, significaria o atendimento de apenas 17 milhões de famílias”.
Ela destaca também o processo de enxugamento do benefício: “Nós começamos com o auxílio emergencial para 68 milhões de pessoas. Ainda em 2020, reduziu-se em 14 milhões de pessoas. Significa que o país, ainda durante o auge da pandemia, perdeu um Bolsa Família inteiro”, relata.
“Na virada para 2021, nós passamos os quatro meses em que a mortalidade foi maior sem o auxílio emergencial. Ele foi retomado em valores muito menores do que a necessidade da população. Lembrando que R$ 150 pagam aproximadamente um botijão de gás e um saco de arroz”, finaliza a ativista.
Mais um trabalhador, funcionário do Banco Bradesco, foi reintegrado pelo Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense.
A reintegração foi realizada nesta terça-feira, 19 de outubro, na agência 129 - Av. Brigadeiro Lima e Silva, localizada no Centro de Duque de Caxias, e foi acompanhada pelos diretores Martins, Newton França, Ricardo Sá, Claudio Leite, Roberto Domingos e Marcelo Silva.
Felipe Michel Monteiro de Melo foi desligado em plena pandemia do novo coronavírus, contrariando o compromisso de não demissão que os grandes bancos assumiram. E foi reintegrado através de Mandado de Segurança, que determinou que o bancário fosse reintegrado.
IMPORTANTE
Felipe é sindicalizado e, logo após seu desligamento, procurou atendimento no Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense, onde foi prontamente atendido pelos Departamentos Jurídico e de Saúde.
É fundamental que bancárias e bancários, logo que sejam informados de suas demissões, procurem imediatamente atendimento no Sindicato.